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sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Aquele homem...



#Foi #numa #noite #bela...
Foi numa estrada sem fim...
Foi sob as estrelas...
Que aquele homem veio até mim...

Quando eu chegava ao fim...
Quando eu não tinha mais nada...
Em madrugada solitário...
Aquele homem veio até mim...

Não sei de onde surgiu...
Qual vento o fez vir...
Sorrindo...
Aquele homem veio até mim...

Em seus olhos eu pude me ver...
Sua força pude sentir...
Sua voz grave e rouca...
Falou assim para mim...

"Não há estrada real...
Para a felicidade se encontrar...
Há quem seja feliz...
Sem nada ter...
Há quem seja triste...
Sem fazer por merecer...

Ninguém se perde em estrada reta...
Nem mesmo em noites sem luar...
Verdade não é caminho para riqueza...
Sabedoria é que deve procurar..."

O cavalheiro da noite então perguntou:

"- Qual a sua estrada homem?
- O que quer tu encontrar?
Cada um faz seu destino...
Cada um paga o que deve pelos desatinos...
Viver é um desafio..."

A lua se escondeu...
E um forte vento soprou...
E na poeira que levantou...
Aquele homem que veio até mim...
Desapareceu...

Continuei a caminhar...
Tendo as estrelas como companhia...
A noite eu já não mais temia...
Sabia que ali estava...
Em oculta companhia...
Aquele homem que veio até mim...

Sandro Paschoal Nogueira

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Correntes



#Corrente #chamada #de #vida...
Tem que se estar vivo para contrariar...
Tem que estar vivo para aceitar...

Não interessa o que os outros possam de mim dizer, fazer ou pensar...
O que vai acontecer, acontecerá...
Saber o momento certo...
De deixar-me levar...

Vontade de ir além do que espero...
De chegar perto...
De olhar sem dizer nada...
Perder-me no horizonte...
Voar sem ter asas...
Caminhar sobres os astros...
Onde as pedras de minha rua...
Parecem luas...

Admirar as estrelas que descem dos céus...
Fazendo pedidos em segredos...
Sentindo a carícia dos ventos...

Quero a paz das fontes d'água...
Ouvir o murmúrio doce...
Sentar imóvel ao seu lado...
Sem precisar de um motivo...
Sem saber como...
De silêncio em silêncio...

Abrir minha janela na alvorada...
Sereno indo embora...
Gotas cristalinas...
Que no sol se espalha
Me convidando por mais um dia...

Admirar a harmonia...
Do cantar da cotovia...
Não ficar triste...
Não deixar ninguém me magoar...

Que seja doce a noite...
E no dia que se avizinha...
Vou olhar os caminhos...
E o que tiver mais coração..
Vou seguir...
Para sempre, sempre..
Assim...

Sandro Paschoal Nogueira

Gente hipócrita




Mentem tanto e a tudo manuseiam...
Aranhas asquerosas ...
Vida suja em teia...
Já não mais me admiro...
Só lamento o fato...
Sempre quando saio de casa...
Fico consternado...
É tanta mentira...
Que vejo no olhar...
Gesticulando demais...
Põem-se a gargalhar...
Fico só prestando atenção...
Querendo chamar a atenção...
Estufa o peito o pavão...
Pensa que me engana...
Acredita nele mesmo...
Se achando espertalhão...
A matrona, por sua vez, tenta disfarçar...
Sua língua é guizo de cascavel...
Batendo na boca até o céu...
A chocalhar...
Com voz meiga...
Fazendo-se de ingênua...
Cheia de trejeitos e afins...
Odalisca de botequins...
É uma bela viola...
Mas por dentro...
Com certeza...
Pão bichado, bolorento...
Incautos acreditam...
Em qualquer promessa vã...
Gente boba...
Retardada...
Querem...
Precisam...
Se enganar...
Penso eu cá comigo...
Só existem espertos...
Enquanto tolos estiverem perto...
Um sorriso nos lábios...
Pego rapidinho meu caminho...
Saio de fininho...
Não sou grande coisa...
Mas também pequena não sou...
Se com porco eu ando...
Farelo também vou comer...
Não gosto dessa ração...
Então...
É melhor eu me abster...

A louca ...




Tenho que tomar muito cuidado...
É cada louco que encontro...
Posso até ser estrupado...
Tem a louca do gato...
Que ensandecida....
Na rua ela grita...
Enquanto se agita aflita...
Parecendo uma lombriga...
Finje que é boazinha...
Faz uma tosca linha...
Feia que nem coruja...
Tem a boca muito suja...
Igual a uma latrina...
Sai da toca bem cedinho...
Na rua já gritando...
Para começar seu teatrinho...
Falando com quem não entende...
Balançando o rabo...
Pensando que é gente...
De olho esbugalhado...
Comeu farinha?
Ou fumou um baseado?
Diz que dá tapa...
Que faz e acontece...
Fica muito perigosa...
Quando entorna uma caipirinha
Tadinha da maluquinha...
Pensa que é modelo...
Toda maravilhosa...
Não é a madre Teresa...
Não é nada dadivosa...
Cara de diarréia...
Bruxa rancorosa...
Alma penada...
Que um dia no cruzeiro ficou pelada...
Agora vaga na cidade...
Fazendo palhaçada...
Se um dia foi bonita...
Não posso testemunhar...
Nunca vi borboleta...
Em largarta se transformar...
Da montanha ela desceu...
E rolou pelo barranco...
O trapo que chama de seu...
Está todo estropiado...
Com gentileza, peço só um favor...
Não olhe para mim...
Passa de largo...
A fruta que você gosta...
Como até o caroço...
Sou filé mignon....
Vai procurar seu osso...
Beijinho no ombro...
Coisinha...


O pardal



No frio concreto molhado...
O fato está feito, silenciosamente...
Diante do mundo que não pára...
Sonhos talvez tivesse...
Louvores sairiam em trinados...
Asas seriam estendidas aos céus...
Mas está tudo acabado...
A vida continua...
Mas não para o anjo caído...
Caiu de seu abrigo...
Tudo está perdido...
Aos céus já não mais irá alçar...
Em jardins não brincará...
Não verá novas manhãs...
O anil do céu se perdeu...
Sozinho aconteceu...
Em silêncio a morte diz...
O que na vida não queremos ver...
Se você não sabe o que é a quente vida...
Nunca irá entender a morte fria...
A vida sempre é um encontro...
Um desejo...
Um alento...
No tempo um momento...
Todo dia é uma festa...
Sempre é hora de florescer...
Sonhe sempre...
Viva!
Seja feliz e faça acontecer...


sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Traição



#Quem #é #capaz #de #amar...
E trair ao mesmo tempo ?
Será eu ?...
Será você ?...
Talvez o vento...

Responda quem puder...
Essa minha indagação...
Doar sem receber...
Receber sem merecer...

Alguém merece a confiança ilimitada?
Acreditar que dali não viria...
A cruel punhalada...

Trai com um sorriso...
Em ato banal...
Sentindo alegria...
Enquanto faz o mal...

Colecionar decepção...
Para mim não é normal...
Aperta meu coração...
Perco a fé ...
Desistimula a crer...
Nas pessoas por final...

Em mais um dia...
Compreendo então...
Embora não aceite...
Tamanha ilusão...

De onde menos se espera...
Na alma se recebe a punhalada...
Ao traído um triste ai...
Para quem traiu ...
Não foi nada...

Sandro Paschoal Nogueira

Minhas palavras...




Minhas palavrasa podem estar muito longe do as pessoas querem ouvir...
E talvez próximas de um julgamento que não posso permitir...

Durante muito tempo acreditei...
Nos sonhos que desejei...
Fiz bolhas de sabão...
Que vivendo a realidade...
Levou essa minha ilusão...

Mistura de sentimentos...
Em fatos banais...
Alma indecisa...
Que em todos os dias...
Busca a sabedoria...
Mediando minha alegria...
Na porção do meu ai...

Busca longa...
Que nunca a encontra...
Em meu faz de conta...
Volto a sonhar...
Obra prima de vontade a jorrar...

Do amanhecer ao entardecer...
Na labuta diária...
Ditoso e agradecido...
Aguardo compassivo...
Ser mais iluminado...

Sorrio com vontade de chorar...
Disfarço com maestria...
Meu rosto torna-se então....
Uma paisagem...
Fria...

O coração lá dentro se arvora...
Na balança monótona das horas...
Escorrem de segundos em segundos...
Pendatemente em passos fundos...

Não espero recompensa...
Conheço a ingratidão...
Acredito que a vida é bela...
Que é para ser vivida...
Se na dor for queimado...
Renascerei das cinzas...



Ele era tão feio...



Ele era tão feio...

Mas tão feio...
Que era um assinte...
Em concurso de feiúra...
Ganhava de prato cheio...

De olhos esbugalhados...
Sampaco...
Narigudo...adunco...orelhudo...

Seu gogó imenso...
Muito pronunciado...
Parecia um marreco engasgado...
Rosto chupado..
Sem carne... só osso...
Labios finos...
Distorcidos....

Muito magro e bem alto...
Braços alongados...
Pernas muito finas...
Um espantalho...

De chinelos notei seus pés...
Pisando torto, desengonçado...
Tinha unha encravada...
Um joanete ao lado...

O joelho enrugado...
Igual cara de velho...
Coxa dura e seca...
Um boneco...

Muito mal vestido...
Debaixo da chuva impiedosa...
Em nada se importava...
Com a rua caudalosa...

Mas tinha um traço peculiar...
Que a tudo isso escondia...
Um brilho no olhar...
Em sorriso lindo que abria...

Então tudo transformava...
Um encantamento surgia...
Atrás da feiúra aparente...
Beleza verdadeira escondia...

Tudo que era fora de proporção...
Fazia sentido...
Se o sorriso era lindo...

Era nato e magnífico...
Naquele vulto distorcido...
A feiúra se transformar...
De um sapo errante...
Príncipe virar...

E com tal afinco sorria...
Que ao seu redor tudo mudava...
De tarde chuvosa...
Linda noite prometia...

Descobri assim...
Que na rua não devo mais sair...
Toda vez que isso faço...
Para comer pastel ou outro salgado...
Perto da maria-fumaça...
Sempre tem um babado...




Ninho de cobras...




Ninho de cobras 

Passaste por mim na #rua
Passaste toda #dengosa...
Olhei e pensei:
que #cobra sinuosa...
Quando abre a boca
O que escorre é #veneno...
palavras engolidos por esse corpo #obsceno...
Se murmuras, para agradar...
na verdade só consegue #sibilar...
Um dia após outro
sempre a caçar ....
Essas são as minhas cobras. 
que estou a criar....
Vem vc também para cá....