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segunda-feira, 27 de junho de 2022

Deus nu

 



#DEUS   #NU


Vaidade das vaidades...

Viver de aplausos...

Quem diria...

Que em sua louca fantasia...

Teria mais loucos a querer um dia...


Ergo a taça vazia...

Saúdo a sua insanidade...

A tumba que lhe espera...

Abrirá a boca faminta...

Ofício das horas ardentes...

Até a fatídica hora chegada...


Embriaga-se em falso orgulho...

Enquanto a multidão feroz arrota falsas alegrias...

Sob a lua escondida...

Sobre as pedras em noites frias...


De que lhe vale a contenda?

Um vulto na mortalha vazia...

De que lhe vale banhar-se no ódio...

Soberbo e cego tocando a ferida...

Em horas mortas de nostalgia...


Proferes uma tormenta de palavras...

Na espessa noite que lhe abraças...

No íntimo sabes que não dizes és nada...


Amado...

Invejado...

Não compreendo mas sei que és...

Tolos que se enganam...

Sabes bem e bem no fundo...

Que és um deus desnudo...

Mas não o culpo...

Assim é o mundo.


Paschoal Nogueira 


facebook.com/conservatoria.poemas

domingo, 26 de junho de 2022

Luz perdida


 

#LUZ #PERDIDA


Tu ris de minha alma...

Censura meu ardor...

Mas por ti carrego..

Um grande amor...


O destino da gente...

Quem sabe aonde nos levará...

Ninguém prevê...

Quantas voltas o mundo dará...


Hoje tu me recliminas...

Esconde de mim teus olhos...

Peço que o amanhã não chegues...

Quando terás só meus abrolhos...


Duvido que alguém no mundo...

Tenha tanta vontade de te ter...

Tristeza maior na vida...

É os sonhos perder...


Mas, olha a vida...

Deixe ela correr...

Chegará o meu dia...

Que deixarei de por ti sofrer...


Deus de ninguém se esquece...

Passa o tempo e algo sempre permanece...

De ti terei saudades...

De mim nada mais terá...

Seguirei feliz adiante...

Como pássaro livre a voar...

Da luz deste olhar tristonho...

Nunca mais tu terás...


Paschoal Nogueira 


facebook.com/conservatoria.poemas


Caminho

 



#CAMINHO


Caminho, cade você?

Caminho, quero passar...

Caminho, se não responde...

Vou já pra outro lugar...


Um bicho quer me prender...

Um bicho quer me caçar...

Um bicho quer me comer...

É onça...

É jaguar....


Caminho...

Que vem ...

Caminho...

Que vão...

Quem adiante se esconde querendo meu coração?


É mistério é segredo...

É muito mais...

Diga...

Você me conhece?

Ou serei sua diversão?


Onça...

Quem foi que te pintou?

Quem te colocou o preto?

Quem te amarelou?

Quem te disse que sou bom de comer?


Os caminhos mudam com o tempo...

E só o tempo muda um coração...


A saga...

A sina...

Das noites perdidas...

Nada é distante...

Para mim no caminho...

Para a onça adiante...


Caminho, cade você?

Se não me responde...

Escolho outro...

Vou fugir de você...

Antes da onça me comer...

Antes de ser diversão...

Dessa ilusão...


Paschoal Nogueira 


Caminhos de um poeta

Lua

 



#LUA


Pergunto ao vento que passa...

E o vento nada me diz...

A porta está aberta...

E meu coração de poeta...

Banha-se com os raios do luar...


Olho pro céu e procuro...

Nesse mundo tão escuro...

Uma fonte de inspiração...

Um singelo sorriso...

Alguém que me dê a mão...


Vida a fora...

Toda paixão qual lua...

Crescente, cheia, radiante...

Chorando na minguante...


Vigio o amor...

Que em mim acanhado...

Silencioso e oculto...

Mas abrindo a porteira...

Será o maior do mundo...


Lua de muitos encantos...

Que enxuga os meus prantos...

Nos caminhos e estradas da vida...

Até quando?


Noites sem sono...

Meu segredo , vou contar...

O poeta se revela...

É você que amo...

E sempre irei amar...


Paschoal Nogueira  


facebook.com/conservatoria.poemas

quinta-feira, 23 de junho de 2022

A feiticeira

 



Quadro de minha sala de visitas...


#A #FEITICEIRA 


Com meus olhos no horizonte...

Uma sombra surge ao longe...

É mistério...

É sedução...

É um aperto no coração...


O fascínio é a liberdade...

Sonhar é o destino...

Vida doce...

Água pura...

Ir aonde o vento me levar...


Veneno derramado no coração da noite...

Cálice transbordando em beladona...

Que toda embriaguez seja enaltecida...

Como quem estrelas fabrica...


Faz-me seu amante, poeta, louco...

Deixa-me suspirar esse enigma...

Junto-me às labaredas...

Visto-me de luxúria...


E minha alma pura e crua...

Deixa de ser minha...

Torna-se sua...


Por 

Paschoal Nogueira 

in

facebook.com/conservatoria.poemas

sábado, 18 de junho de 2022

Fera

 


#FERA


Em que longínquo abismo...

Em que remotos céus você se esconde?

Enquanto o seu coração de vidro bate...

Ressoa, sem alarde entre os mortais pela eternidade...


O silêncio já não lhe amordaça...

Saltam de seu olhar...

Faíscas e trovoadas...

Sonhos desfeitos...

Um vácuo no peito...

E rega a terra sob suas lágrimas...


Quem entre os homens poderia lhe acalmar?

Não se entrega à lama que lhe espera...


No ódio que lhe cerca...

Na sarjeta que o chama...

Sacrifica suas quimeras...


Necessidade de ser fera...

Se alguém se compadece...

E por você chora...

A mão que afaga também não perdoa...

E ao incalto devora...


Veste-se de saudades...

De tristeza e dor...

Dos anjos não dá ouvidos ao clamor...

É fera ferida constante...

Essa é a sua condição marcante...


Não é insano...

É um lamento...

É impávido em calado sofrimento...


Sandro Paschoal Nogueira 


facebook.com/conservatoria.poemas

Desterro

 



#DESTERRO


Cada verso que escrevo é uma esfinge a ser decifrada...

É um sussurro que o silêncio contradiz...

Do nada para um nada...

Na busca de um segredo...

Que aflorando o peito...

Vaga no deleito...


Arma-se a fogueira...

Fustiguem minha carne...

Cuspam em minha cara...

Invadam o meu corpo...


O tempo será meu aliado...

Levará meu sofrimento...

Fará jus ao que escrevo...

E até quando me mantenho calado...


Motivo de zombaria...

Dos desgraçados...

Por muitos e muitos poucos amado...


E no vento que sopra...

Levantando a poeira...

De costas para o sol então verei...

O fim de uma era...


De que me serve a razão?

Se não existe o que quero?

Desterro e má sina...

No que traço...

Estúpidos são aplaudidos...

Enquanto eu cá...

Em minha sorte...

Apenas sigo...


Sandro Paschoal Nogueira 


facebook.com/conservatoria.poemas


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Balanceio

 



#BALANCEIO


Sou só...

Um silêncio de olhos vendados...

Cego caminhante...

De uma, duas, mil vidas...

Em erros passados...


Escondo-me...

Não porque quero...

Mas porque temo...


Sonho...

Ah...

Como eu sonho...

E me perco...

Disfarço meus desejos...

Não são puros...

Torturam meu coração...


Seu olhar sobre meu corpo...

É chicote que me fustiga...

É sofreguidão...

Que me alucina...


Não mudo...

E por você...

Me deito no chão...


Me invade...

E feliz choro...

Me entregando...

À sua devassidão...


Giro e reviro...

Arranho o chão...

Mordo meus lábios...

Enquanto lhe dou meu coração...


Amando num balanceio...

Tenho na pele o cheiro do amor...

Em você procuro aquilo que não tenho...

Enquanto satisfaço o seu anseio...

E esqueço...

A escuridão de meu peito.


Sandro Paschoal Nogueira 


Caminhos de um poeta


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Madrugada

 



#MADRUGADA


Louco...

O vento passeia...

Enquanto a noite envolve a terra...

E na rua deserta...

Uma alma vive...

Alma cheia de dor...

E de dor a alma está cheia...


Ao sabor dos enganos...

Vagou...

Não sentiu o decorrer dos anos...


Olhos fitos no vácuo...

Murmúrios desconexos...

Conserva o mesmo orgulho...

De um morto austero...


Celebra as ilusões com os fantasmas...

Enquanto gela o sorriso nos lábios...

Está só...

Não querida...

Apenas usada...


Caminha...

Passo a passo...

Se arrasta...

O tempo já lhe pesa...

Enquanto sopra o vento...

Nas altas horas em calma...


Cansada...

Tamanha fadiga...

Espreguiça...

Boceja...

Enfim, se dá por vencida...


Com os olhos cheios de mágoa...

Segue o vento pela estrada...

Aurora anuncia...

Nessa noite não foi usada...

Nem foi querida...


Sandro Paschoal Nogueira


Caminhos de um poeta


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domingo, 5 de junho de 2022

O boto


 

#O #BOTO #COR #DE #ROSA


Era noite de luar...

As águas mansas refletiam a lua cheia...

Triste seria aquela noite...

Sem a presença das estrelas...

Naquela noite fria...


Num sorriso de criança...

Num olhar, numa esperança...

Na natureza esquecida...

Apenas uma brisa...


Sentada à margem do rio...

Uma donzela brincava...

Com suas madeixas douradas...

Entre os dedos entrelaçava...


Ao longe, no povoado...

Muita alegria...

Era festa da padroeira...

Naquele dia...


Tinha muitas barraquinhas...

Maçãs do amor...

Churrasquinhos...

Muitas iguarias...

Não faltavam as bebidas...

Ao som do forró...

De grande algazarra e alegrias...


Todos se divertiam...

Mas, aquela moça, de todos preferiu se afastar...

Preferiu nas margens do rio...

Estar ali a meditar...


Na escuridão do infinito...

Todo ponteado de estrelas...

Flores que desabrochavam...

Perfumando a atmosfera...


Das águas antes plácidas...

O amor pode surgir de repente...

Um belo cavalheiro emergiu...

Como uma estrela cadente...


Seduziu e a amou tanto e profundamente...


O amor não marca hora..

Surge quando menos se espera...

E quando menos se espera...

Também vai embora...


Cada um cumpre o seu destino...

Assim está escrito...


Nessa mistura de sonhos...

Agora a donzela bonita está triste...

Vive sentada no barranco do rio...

Junto com a lua e com um pequeno menino...


Esperando a volta do garboso amante...

Que após amá-la...

Mergulhou nas águas...

Desaparecendo...

No horizonte...


Sandro Paschoal Nogueira 


http://conservatoriapoeta.blogspot.com


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Vácuo

 



#VÁCUO 


Tempo...

Sábio ingrato tempo...

Tal qual ladrão furtivo...

Que me rouba sem que eu me perceba...

Minhas idéias...

Minhas imagens...

Minhas palavras...

Meus alentos...


Transforma em cinza minhas saudades...

Os sonhos por mim vividos...

As minhas dores sofridas...

Minhas penas...

Minhas conquistas...

Até elas serão esquecidas...


Assim como amores e desejos...

Sugados ao vácuo...

Preteridos...

O amor mais árduo...

Suprime...

Suas marcas me oprime...

Torna-se pesado...


Tempo que não me ignora...

Transforma as minhas esperas...

Sufoca minhas horas...

Me fustiga...

Traz-me vitórias e derrotas...


Para ti pouco lhe importa...

Será castigo?

Nada terei?

Mais nada?

Nada mais serei?

Nem um pequeno momento?

Relegado ao esquecimento...

Nem mesmo tormentos...

Terei...


Tudo será esquecido...

Até mesmo meus motivos...

Não o compreendo...

E isso deixa-me estarrecido...


Um miserável ontem...

Um ditoso hoje...

Amanhã o que serei?

O tempo em mim já é perdido...


De mim já nem mais falo...

Palavras tornariam-se ecos...


Já não quero mais nada...

Pois tudo nasce e morre...

A cada alvorada...


Tempo...

Tempo...

Meu amante...

Meu algoz...

Esconderá minha alma?

Lentamente...

Lentamente...

Apagando minha voz...

Na escuridão que se avizinha...

Nada mais...

Nada mais serei.


Sandro Paschoal Nogueira 


Caminhos de um poeta

sexta-feira, 3 de junho de 2022

Choro


 

#CHORO


Por que quando faço o bem eu tenho vontade de chorar?

Dizem que alivia a alma...

Não sei se é verdade...

Então resolvi chorar...


Chorei por tudo o que eu já fui....

Por tudo que eu sinto...

Por tudo que eu sou...

Chorei pelo que serei...

E que nem sei...


Chorei pelo tempo perdido...

Pelas coisas que não ficaram...


Chorei pelas sementes que eu plantei, mas que não germinaram...


Chorei pelos erros cometidos..

Pela vida que eu sonhei...

Que não consegui realizar...

Chorei...


Chorei pelos amores que morreram...

Por aqueles que passaram...

Pelos não correspondidos...

E por aqueles que nem nasceram...


Chorei para tentar afastar o medo...

Com as lágrimas que eu derramei...

Meu coração pôde se lavar...


Chorei...


Pedi aos céus, baixinho...

Para que me desse conforto...

E como resposta...

Ele chorou comigo...

Mostrando para mim que mesmo no fim...

Eu não estaria sozinho...


Sandro Paschoal Nogueira 


facebook.com/conservatoria.poemas