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quarta-feira, 29 de março de 2023

Estevão

 



#ESTEVÃO 


Na cozinha fez almoço...

Bem legal...

Eu já estava com fome... Passando até mal...


Fez :

Arroz e feijão...

Farofa com macarrão...

Nunca vi essa mistura...

Isso é coisa de Manaus...


Com cuidado e atenção...

Temperou, batizou o feijão...

Cozinhando de cueca...

Não faltou  uma abóbora...

Nessa mutreta...


Aipim cozinhou e fez frito...

Torradinhos...

Deliciosos em palitos...


Teve carne moída...

Já que quem prometeu a picanha...

Não foi o genocida...


Fez salada de picanha...

Melhor não falar dos transgêneros...

O tal do ovo que se sente...

Diz que é carne...

O coitado se sente...


Tudo bem temperado...

Para agradar a gente...

Raspamos os pratos...


No final deu tudo certo...

Ficamos satisfeitos...

E assim a gente se arranja...

No dia a dia...

Em tudo dando um jeito...


Sandro Paschoal Nogueira

domingo, 26 de março de 2023

Para Sempre


 

Que venha o caos e a loucura...

Para que assim eu possa enxergar um outro mundo diferente dessa mentira nua...


Sei que a razão não me assiste...

Mas meu coração ainda insiste...

Em poder sonhar...


O para sempre sempre acaba...

O horizonte nunca se alcança...

Os cândidos fantasmas da esperança também choram...

E nas veredas da vida há almas que se cansam...


Houveram em minha vida  uns espaços...

Onde nunca dei um passo...

E não tenho outra memória...

Do arrependimento por não ter feito...

De ter aberto o meu peito...

E de ter sonhado livre...


Dos feitos, ficam apenas as lembranças, que se tornam cada vez mais fracas...


As pessoas não vêem meu coração...

Vêem apenas meu comportamento...

Julga-me sem meu  consentimento...

Baseados no que eles mesmo vão vivendo...


Não procures a marca dos meus passos...

Não encontrarás flores crescendo...

Bebei tu mesmo...

A taça de seus venenos...


Sandro Paschoal Nogueira

sábado, 25 de março de 2023

Flor do sonho


 

Qual é a flor do sonho?

Noite de lua cheia...

Um violão...

Uma seresta...

Ter sempre um ombro amigo...

Um cafuné a ser recebido...

Viver sem inimigos...

Estar com Deus e Deus estar contigo...

Dormir ouvindo a chuva...

Ver voando as aves do céu...

Um bilhete de amor esquecido e encontrado...

Em um velho pedaço de papel...

O tempo é algo que não volta atrás...

Ter boas recordações...

É bom, muito bom, demais...

Todo jardim começa com um sonho de amor...

Quem não tem um jardim na alma...

Sofre com dor...


Sandro Paschoal Nogueira

Degredo

 



#DEGREDO


E o relógio dará as horas devagar...

Alheio à pressa da vida...

Enquanto ergo o cálice transbordante...

Da inveja dos olhares fulminantes...


Velhos e eternos pesares...

Que a terra já não sente...

Eu, de olhos ausentes...

As asas loucas abrindo...

Passeio entre muitos...

Indiferente...


Ah...

Quem mandou que fizesses...

Minha alma da tua escrava...

Por que não me ouvistes...

Enquanto te amavas?


Por que fugiste de mim...

E me magoavas com espinhos?

Por que não me ouvistes...

As minhas preces?


O degredo acabou...

E dele saí tão cedo...

Já não mais te quero...

E não é nenhum segredo...


Nada mais te pergunto...

Nada mais de ti quero...

O sonho acabou...

Brinca na poeira, brinca...

Já não és meu mundo...


Sandro Paschoal Nogueira

terça-feira, 21 de março de 2023

Ogro


 


Bem prá lá da amoreira...

Depois do riacho dourado...

Mora um ogro...

Que cuida de um jardim encantado...


Caminha sobre as estrelas...

A sua mesa é farta...

Recebe em sua casa...

Duendes, bruxas e fadas...


Não é muito educado...

Fala o que pensa na lata...

Quando irritado...

Parece o diabo...


Não é de muitos amigos...

Mas é fácil ser amigo dele...

Basta não muito importunar...

Prefere ficar em casa...

Do que na rua a vadiar...

Um conselho:

Não bata na porta dele...

Não o queira acordar...


Tem a sua verdade...

Tem o seu caminho...

Às vezes tristonho...

Outras risonho...

Marcas do já vivido...

Causado pelos espinhos...


Sonha com um mundo perfeito...

Desprovido da ilusão...

Ah ogro encantado...

Isso não existe não...


Fique em sua casa...

Cuide bem do seu jardim...

O mundo mente muito...

Tem pessoas boas...

Mas tem também muita gente ruim...


Sandro Paschoal Nogueira

domingo, 19 de março de 2023

Louco

 



O mais feroz lobo faminto...

De alma abalada de lado a lado...

Na escuridão da noite de um infinito...

Sorvendo em taças douradas meu absinto...


Tudo é vaidade nesse mundo vão...

Tudo é pó...

Tudo é nada...

E a lua que desponta na madrugada...

Testemunha a flor nascida que é logo desfolhada...


Beijos de amor pra quê?

Só neles acredita quem é louco...

Sim, louco sou...


No cio que se faz presente...

A alma se cala...

E o espírito fica ausente...


Quando me lembro desse sabor que tinha...

Os seus carinhos...

A suas mãos nas minhas...


Quando os meus olhos cerram de desejo...

Só na loucura posso ser feliz...

Compreendo...


Achas-me indiferente…

E  até crês que há em mim desdém...

Sem você já não me encontro...

Vago no aqui e no além...


Não vês que meu viver é falso...

Num cortejo de lobos...

Rumo ao cadafalso...


Não vês que os loucos também amam?

E sentem aflições na alma?


Quem ama inventa as penas em que vive...


Sandro Paschoal Nogueira

sexta-feira, 17 de março de 2023

Estrangeiros

 


Um pouco mais de sol - sou fogo...

Um pouco mais de azul - sou além...

Um pouco mais de amor...

É tudo que me convém...


Em minha alma tudo se derrama...

Enquanto quero, busco e sonho...

Antes que o calado tempo esmague tudo...

À ronda dos segredos...

Enquanto toca-me seus dedos...


Aqui chegando de onde venho...

Ver-me se apareço...

Um pouco para chamar sua atenção...

Tentando surrupiar seu coração...


Aqui ficam as coisas...

Somos estrangeiros onde quer que estejamos...

Por tal passo por essa vida...

Hora chorando...

Hora brincando...


Que quer o amor mais que não ser dos outros?


Sandro Paschoal Nogueira

Ronda

 



Quando o vento adormece e surge a lua...

Um canto triste e longínquo ecoa nas ruas...


E as estrelas caladas e do meu pranto testemunhas...

Elevam minha alma a tão doce e puro encanto...

Fazendo-me lembrar dos amores esquecidos...

Por mim, tão vividos...


A saudade então me abraça...

Que a delirar então me obriga...

Enquanto a mim murmura...

A sonhar na vida...


Minhas partidas...

Minhas chegadas...

Noites vividas...

Alvoradas...


Ah doce amor...

Que agora beijas minh'alma...

É noite...

E é tão escura...

Nem o brilho das estrelas...

Nem o brilho da lua...

Esconde essa minha angústia...

De não ter minhas mãos junto às suas...


Tudo dorme...

Só eu velo...

Desejando você...


Que é feito de tudo?

Por que tudo assim?

Dormir, sonhar e sorrir...

Ronda rotineira...

Toda noite é assim...

A lhe buscar pra mim...


Sandro Paschoal Nogueira

quarta-feira, 15 de março de 2023

Passamos

 



Passamos pelas coisas sem as ver...

Se alguém nos pede amor não nos fazemos amar...

Como passamos pelas flores numa calçada...

Sem as notar...


Somos agora mais lentos...

Nem tudo é novidade...

Passamos pelo tempo...

Chega a velhice...

Não aproveitamos a mocidade...


Em noites inclinadas de melancolia...

Não percebemos a lua...

As estrelas que nos fazem companhia...


De palavra em palavra...

Dia após dia...

Finda-se a vida...

Não percebemos...

Já não transborda o cálice em alegrias...


Onde a luz é feliz...

Ela se demora...

Vivamos imensamente...

A fuga das horas...

Hoje e agora...


Sandro Paschoal Nogueira

Veredas

 



Nas veredas da vida a minha alma não cansa...

Minha paixão aos céus é grata...

Enquanto caminho sobre as pedras caladas...


E todo este feitiço e esse enredo...

Há se essas mesmas pedras falassem...

Contariam as magias, os mistérios e  tantos outros  segredos...


Viram o nascer e a morte...

O inocente olhar...

O puro e o perverso...

Viram a lua e o seresteiro...

A matrona e o embusteiro...


Viram as mocinhas assanhadas...

O cio dos rapazotes...

Ouviram os gritos de dor...

Sob o fragelo do chicote...


Tanto viram e ouviram...

Mas nada testemunham...

Nem mesmo o sangue...

Escorrendo pela fronte...

Se se pode gritar a Verdade...

Por que escolhida essa sorte?


Minha terra...

Onde tenho o meu pão e a minha casa…

Minha terra onde meu pai nasceu…

Aonde a mãe que eu tive e que morreu...

Minha terra que fala onde nasce o dia...

E que as noites são cantadas...

Minha terra...

Minha pousada...

Onde caminho sobre as pedras tão caladas...


Sandro Paschoal Nogueira

Amorfo

 



Vinha em lua minguante...

Em um baile que não existiu...

Caminhou à sombra de luz moribundas...

Ninguém o viu...


Ainda que o grito sufoque a garganta...

E que os anos vividos lhe pesem nas costas...

Esboça um sorriso franco...

Sob as pedras que jazem mortas...


De coração confundido...

A noite trocou e dispersou os amigos...

Silêncio e respiração mais nada...

Se é milagre existir...

Olhando em seus olhos imagino...

Um vazio...

Um abrigo...


O que eu amo não sei...

Amo em total abandono...

Quisera eu o poder amar...

E sufocar sua solidão...

Resgatando-o desse amorfo sono...


Sandro Paschoal Nogueira

terça-feira, 14 de março de 2023

Paisagem

 



Quero gastar as linhas traçadas na alma, e semear ao mundo...


Sou a minha própria paisagem...

E assisto, lentamente, a minha passagem...


Tudo no mundo é frágil e passa...

E é tão pura a paixão que me inunda...

Quanto o pudor dos que não pedem nada...


Ah!...

Digo...

Não terei mais desejos...

Perco tempo em gracejos...

Disperso meus sentimentos...

Mas a mim minto...


O suplício é lento...

E minha alma imortal cumpre a sua jura...

Sonhando e voando alto...

A felicidade existe...

Só em Deus...

Fora desse mundo...


Sandro Paschoal Nogueira

domingo, 12 de março de 2023

Tardes

 



Ai, ai de mim...

Enquanto caminho eu já sou o passado...


Todos os momentos que nos coroaram...

Todas as estradas que abrimos

irão achando seu fim...


Dessa procura extenuante e precisa...

Não teremos sinal senão o de saber que iremos, por onde formos, de encontro de um para o outro...


Cinzenta é a cor do céu... Decerto vai chover...

Soa um cântico antigo no vento dessa tarde...


Nos bancos tristes que há na cidade...

Sobe em mim próprio como um desejo

Ou um remorso da mocidade…


Gente igual por dentro...

Gente igual por fora...

Não sei qual abismo temo...

Salvo, apenas, o meu sonhar...


Sandro Paschoal Nogueira

sábado, 11 de março de 2023

Platônico

 



Se as palavras morrem à míngua como os homens o que posso dizer?


Procuro e não lhe encontro...

Não paro...

Não volto atrás...

Bem sei e não aceito...

Todos me dizem que é loucura...

Eu andar à sua procura...


O primeiro de todos os meus sonhos...


O sossego, que não aprofunda...

O silêncio, que mais se acentua...

Sob um céu sardento de estrelas...

Vigília constante da lua...


Tristeza que diviso...

Ausente de seu sorriso…

Minh’alma da sua escrava...

Tão pálida e alvoroçada...

Amando calada...


Sandro Paschoal Nogueira

quarta-feira, 8 de março de 2023

Ansiedade

 



Nasci...

E vim para ser amado e para amar...

Mas esqueci-me e me perdi em algum lugar...


Tanto de meu estado me acho incerto...

E meus soluços sobem à eternidade...

É tudo quanto sinto um desconcerto...

Se me pergunta alguém porque assim ando...

Respondo: 

Ansiedade...

Lamento...


Procurei me enganar, acreditando...

Que tudo poderia ser diferente...

E perdi-me mais e mais fundo...

No silêncio desse vasto mundo...


Até o amor nos mente...

Hoje bem sei...

Só nele acredita quem é louco...

Mas vale, nem que seja só por um instante...


Não me acordes...

Deixai-me sonhar...

Meus olhos, minha boca vão sedentos...

De um encanto maior entre os encantos...

D’estrelas que andam dentro em mim cantando...


Sandro Paschoal Nogueira