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sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Não chores

 



Não chores quando eu morrer...

Eu não te ouvirei...

Mesmo que grites...

O teu desespero não posso ver...

Não estarei aqui...

Não me peças desculpas... Não posso perdoar...

Sob a terra não posso responder...

Não me leves flores...

Não sentirei o perfume...

As cores não verei...

Nem as trevas...

Nem a luz...

Não lamente minha ausência...

Não questione meu afastamento...

Deixa a tua consciência tranquila...

Eu já não terei a minha... 

Não podes mudar as coisas...

Não podes melhorar o futuro...

Não podes transformar o passado...

Leve suas flores para casa...

Não vou precisar delas... Garanto-te...

Não chore quando eu morrer...

Não ouvirei...

Me ames hoje...

Me abraces hoje...

O amanhã talvez não exista.

quinta-feira, 25 de agosto de 2022

O voo da mariposa

 



#O #VOO DA #MARIPOSA 


Ardendo por arder em viva chama...

Sinto, suspiro, choro, colho o  pranto...


De inocente olhar, puro e perverso...

Envolto em mistério nevoento…


A mariposa 

Soberba...

Confiada...

Bela...

Subiu ao sol...

Cobriu o dia...

Em revoada...


Invadiu a vila...

Sendo desfeita e castigada...

Pela inveja fera de gente má e malograda...


E a multidão dissimulada...

Vivendo tal qual serpente enrolada...

Não lhe deu trégua...

Vomitou ódio pela bocarra... 


Tentou compreender a angustiante desgraça...

De ser bela e tão odiada...

Não conseguiu...

E  sem entender partiu...


Por mais que eu mesmo conhecesse o dano...

Também ocultei-me em meu abandono...


Foi tudo uma surpresa... Tudo de repente...

Toda a minha alma naquele momento indiferente…


Hoje...

Diante alucinações de um vinho triste…

Pesadelo hediondo me assombra...

Em tê-la visto perder-se na estrada...


A manhã nasce em muitas janelas...

Quem sabe...

Um dia...

Eu tenha o perdão dela...


Paschoal Nogueira 


facebook.com/conservatoria.poemas

quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Sonhe

 



Enche o teu copo...

Bebe o teu vinho...

Enquanto a taça não cai de tuas mãos...


Olhe, por um longo tempo, o céu pontilhado de estrelas...

Enquanto não turvam os olhos teus...


Abre a tua janela de par em par...

Lá fora, observe, a vida canta enquanto a brisa sussurra...

E te chama a compartilhar...


Transforme numa eternidade o teu rápido instante de alegria...


Ame...

Chore...

Sorria...

Grite...

Gire...

Crie seus caminhos com as plantas de teus pés...


Sonhe...

Você pode...

Enquanto tremula ainda...

A luz de algum clarão...


Paschoal Nogueira 


facebook.com/conservatoria.poemas

terça-feira, 23 de agosto de 2022

Castigo

 



#CASTIGO 


Embora o mundo me condene...

Quero emprestar meu peito à madrugada...

E muito amar...

Sob a luz prateada...


Espio sem um ai...

Minha sombra nas esquinas...

E nos ventos...


Onde seus olhos estão?

Não estão a minha procura...

Tento acalmar minha loucura...

Nenhuma razão para tanto amar...


Esperar dessa maneira...

Numa cidade deserta...

Tanto sentimento...

Para coisa nenhuma?


Mas o que serve a verdade?

Não, já não me interessa promessas...

Para quem ama e muito espera...


Quem me dará os meus anos, se os perdi?


Sigo só...

Abraçado pelo frio...

Porém não vejo...

Mais que o desejo de lhe encontrar...


E seu eu morrer antes disso...

Não verei a lua mais de perto...

Isso é meu castigo...

Que o amor me dá...


Paschoal Nogueira 


facebook.com/conservatoria.poeta

quinta-feira, 4 de agosto de 2022

Corpos


 

#CORPOS


Vendido aos ventos da tarde...

Aguardando antes que a noite semeie as estrelas...

Se alguma dor me fere...

É em ti que encontro abrigo...


Nebulosos anos sem sentido...

Vivendo e aprendendo amar...

Hoje a ti me entrego...

És um sonho...

Estou a sonhar...


Venho de dentro de mim...

E em busca sem fim...

Me dou a permissão de estar aqui...


Pobre de meus olhos cativos...

Meu coração a ti entrego algemado...

Outrora vagando perdido...

Em vasto deserto...

Só e abandonado...


Murmúrios de queixumes...

Desejo de amor comprimido...

Num quarto já não mais vazio...

Rasgando nossos lençóis de linho...


E o aroma que exala pelo espaço...

Tem delírios de gozo e cansaço...

Corpos incendiados pelos pecados...

Você em mim...

Eu em seus braços...


Paschoal Nogueira 


facebook.com/conservatoria.poemas

quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Estrangeiro

 



#ESTRANGEIRO 


Por mais que ande...

Não sei para onde sigo...

Minha vida vivo...

Em ouro e em vincos...

Deito-me e brinco...


Passo entre visões de cadafalsos...

De zombarias ouvidas à madrugada...

Injúrias relacionadas...

Almas tardas...

Almas abastadas...


Confidenciam-me às estrelas...

Por mim, são amadas...

Companheiras...

Em solitária jornada...


Meu jardim há flores no ar...

Que dancam ao léu nas brisas sob o luar...

Desfazendo no sereno...

Antes do arrebol chegar...


E vou cambaleando...

Expiando crimes que não cometi em tempos dantes...

Os esqueço...

Não os levo comigo...

Sigo adiante...


Haverá outra fortuna a minha espera?

Ou quem sabe um purgatório se revelará?


Tenho a impressão de ter apenas uma direção a seguir...

Sempre à frente...

Sem o mal fazer-se presente...

E eu o sentir...


Ver a vida passar às vezes faz-me tédio...


Anseio a um lugar que me abrigue do meu frio...

Apenas peço...

Sem dobrar os joelhos...


Nada sei...

Nem para onde irei...

Restará apenas o desterro?


Hoje, afinal, não sou senão daqui...

Muito embora não me entendas...

Sou na vida passageiro...

De mim mesmo...

Um estrangeiro...


Paschoal Nogueira 


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Urgências

 



#URGÊNCIAS 


Bem sei que, muitas vezes temos que adiar algo...

Adiar a esperança...

Adiar os sonhos desejados...


Mas para quem tem um coração urgente...

Na espera latente...

Na sofreguidão da alma vivente...

Não compreende a brevidade...


Tudo vira uma eternidade...

E nessa sufocante necessidade...

Na ânsia  reclamada...

No que não soube aguardar...

O momento se perde...

E não há como voltar...


Ah...

Como é dolorosa a urgência...

No peito a soluçar...

Tudo passa...

Mas não anda...

No desejo de se entregar...


No esperar com esperança...

Eis o segredo de se amar...


Paschoal Nogueira 


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