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quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

O hoteleiro





Ele vê jovens homossexuais delirantes...
E mocinhas amorosas...
Contentes...
Logo sendo emprenhadas...
Enganando e enganadas...
Sorridentes...
Viúvas que sofrem de insônia...
Em noites berrantes...
Idosos proxenetas...
Tristes facetas...

Vê gatos roufenhos que atravessam o jardim em trevas...
Rodeiam a casa solitária...
Ouve o cão que ladra...
Para a lua prata...

Inimigos jurados...
Ocultos ou declarados...
Amigos confirmados...
Desconhecidos em traje de dormir...
Felizes e amados...
Uns tristes...desalmados...
Tocam sua campainha...
Em dias e madrugadas sem fim...
Pares gordos, magros, alegres, tristes pares...
Passam por ali...

E o pequeno empregado...
Depois de tanta coisa ver...
Depois do tédio semanal...
Ossos do ofício afinal...
Gratidão ao Imortal...
Do vinho sorvido com prazer...
Toda noite...
Sua novela...
Vai ver...
Onde os heróis são potros...
Os príncipes apaixonados...
Os vilões...
Tanto amados...
Quanto odiados ou desprezados...
Cheiram a cigarro...
Bebidas...
Pó misturado...
Assim...
Ele deita para dormir...

Dois lençóis o sepultam...
Após almoço...
Não quer saber...
Não quer nem ver...

Os jovens estudantes...
Os cantores falantes...
Os padres e pastores que se masturbam...
Os primos que brincam de estranho jeito com as primas...
Os médicos que não curam...
Os adúlteros que se amam...

Ele afia as unhas...
Lustra seus sapatos...
E de tudo faz seu segredo...

 — em CasadoSandrinho.



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