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domingo, 23 de fevereiro de 2025

Estranhezas

 



Não há rumor na terra....

O silêncio se abriu...

As feras se aquietaram...

Em direção ao pó os corações jazem nas sombras...

De mãos em arcos os anjos oram...


Onde estão os inocentes?

Aqueles apontados por dedos tortuosos...

Cadê as flores que foram pisoteadas pelos hipócritas?

Onde estão as vozes que foram silenciadas pelas bocas amaldiçoadas?


Ao levantar do vento...

De ser todo só o meu exterior olho e choro...

Mesmo que eu ouça só esse estranho zumbido...

Vendo cair os pássaros...

Em meu coração emudecido grito...


Nas pessoas que passam na rua...

Com elas não me identifico...

E só lamento...

De ver o amor tornar-se perdido..


Cada um perdido no próprio sonho...

Até no sorriso que vem e que vai...

Todo mundo é convicto...

Dos próprios ais...


E eu, que não sou mais do que eles...

Volto a olhar para tudo...

Como antes do amanhecer...

E faço-me, assim crer...

Que bastaria apenas mostrar...

Minha alma num olhar...

Para tudo diferente acontecer...


E o mais estranho do que todas as estranhezas...

É que as cousas sejam realmente o que parecem ser...


Sandro Paschoal Nogueira

Buscas

 



A namorar as estrelas...

Traz luto nos seus vestidos...

Anda sempre a imaginar...

O que está sempre a sonhar...


Contente do instante...

Faz dos desejos um mirante...

No peito entrelaça...

A vontade de expandir suas asas...


Enche de força o coração...

Quando não lhe dão outra opção que um não...

Sussurra ao vento...

O que lhe diz o coração...


Sonda, fixo e absorto...

Desprezando  o seu tormento...

E interrogando o destino...

Busca seu momento...


Sabe que nada está além das cousas transitorias...

Das paixões e das formas ilusórias...

É a senha da sua vida...

No transcorrer das horas...


Foge e esconde...

E se tarda o encontro e não encontra...

Chora e ri da própria sorte...


Sozinho e acoplado a outros sozinhos...

Anda pelas ruas de espírito despido...

No gesto, no calar, no pensamento...

Finge estar desatento...


Uma presença...

Uma saudade...

Uma vontade...

E assim caminha...

Sonhando tocar as estrelas...

Desejando a eternidade...


Sandro Paschoal Nogueira

Aprendizado

 



Não falarei de minha poesia.

Não rimarei minha angústia...

Não direi que o mundo vai acabar...

Não direi da vida persistente que renasce...

De todos os truques...

De todas as formas de amar...


Sabes tu dizer que não?

Reprimir os maus, fazer aos bons justiça?

Sua ocupação dormir, comer, trepar...

Ignorância, desmazelo, incúria...

Hipocrisia que finges não ter...

A quem contigo não preocupas...

Mas que desejas agradar...


Todo esse tempo que lá vai...

Vejo passar a minha vida...

O que construí...

O que tenho...

O que senti...


Fecho as portas...

Fumo, e às vezes choro...

Tenho amigos que pensam confundir-me...

Outros tantos jurando me enganar...


A noite negra, irmã do desespero...

Faz-me apelos...

Adormecendo o pensamento...

Escondendo meu sonhar...


Importa amar, sem ver a quem?

Por mim, bem sei...

Que hei-de aceitar o que vier...

Embriagado os sentidos...

Não hei de recusar...


Tantos que vivem sobrevivendo...

E pergunto o sentido de tal sofrimento...

Nesta localidade da cidade…

Onde vejo tantos copos cheios...

Tantos jovens drogados...

Buscando algum sentido...

De crescer em alma e espírito...


Fujo da morte...

Embarcando à vida...

Enquanto me sussurra o vento:

-Tudo faz parte de seu espaço e tempo..

-Tudo é um aprendizado...

-Deleite-se nesse singular momento...


Noite perdida...

Quiçá o dia será encontrado...

E sigo minha estrada...

Enquanto medito sobre o dito...


Perante esta única realidade...

Perante meu abismo...

Cujos olhos me fitam...

Sufoco o angustiante grito...

Será somente isso?


Natureza diáfama...

De tantas almas...

De tantas histórias...

A eternidade seria assim?

Viver a cada uma...

Um constante experimentar sem fim?


Sandro Paschoal Nogueira

Obrigado


 

Muitas vezes te esperei...

Perdi a conta...

Nada me importava...

Mas tu enfim me importavas...

Bem mais do que as estranhas horas...


No meu mundo interior ...

Tivesse mais que perder...

Tanto pó acumulado...

Optei por fechar, do coração, a porta...

Deixaste meu espírito conturbado...


Em mim se despojou todas as jóias raras...

Nem ave canta...

Nem mais susurra o vento...

Erros e cuidados...

Perdidos momentos...


Quando quis me deu de graça...

Mas é caro o seu barato...

Depois que minha esperança morreu...

Me vi contra o tempo ingrato...


Ah como eu quis tanto amar...

Enquanto tu apenas brincar...


Deixaste perder o quanto tinha...

Tudo pus em suas mãos...

Fizeste de conta que não sabia...

E enquanto eu sofria...

Perguntava-me o que eu queria...


Do que dei da vida minha...

De ti ingratidão eu recebi...

Antes que nada me deste...

Só tua fútil e vazia companhia...


Tento reconstruir na minha imaginação...

A ilusão destes dias...


Cada um sabe que está sozinho...

Ah, perante esta única realidade...

Digo que muito aprendi contigo...

Diante do que agora sinto...


Obrigado...

Ensinaste-me a viver...

E agora o que tenho em meu olhar...

Tu nunca irá compreender...


Sandro Paschoal Nogueira

domingo, 16 de fevereiro de 2025

Estranheza

 



Não há rumor na terra....

O silêncio se abriu...

As feras se aquietaram...

Em direção ao pó os corações jazem nas sombras...

De mãos em arcos os anjos oram...


Onde estão os inocentes?

Aqueles apontados por dedos tortuosos...

Cadê as flores que foram pisoteadas pelos hipócritas?

Onde estão as vozes que foram silenciadas pelas bocas amaldiçoadas?


Ao levantar do vento...

De ser todo só o meu exterior olho e choro...

Mesmo que eu ouça só esse estranho zumbido...

Vendo cair os pássaros...

Em meu coração emudecido grito...


Nas pessoas que passam na rua...

Com elas não me identifico...

E só lamento...

De ver o amor tornar-se perdido..


Cada um perdido no próprio sonho...

Até no sorriso que vem e que vai...

Todo mundo é convicto...

Dos próprios ais...


E eu, que não sou mais do que eles...

Volto a olhar para tudo...

Como antes do amanhecer...

E faço-me, assim crer...

Que bastaria apenas mostrar...

Minha alma num olhar...

Para tudo diferente acontecer...


E o mais estranho do que todas as estranhezas...

É que as cousas sejam realmente o que parecem ser...


Sandro Paschoal Nogueira

sábado, 4 de janeiro de 2025

Pastoreio


 

Há de viver, pastoreando...

Com coração jovem, ousado e arejado...

À coroa de espinhos dos sentidos...

Onde o luar o banha...

Suavemente ofendido...


No silêncio sob os lábios frios...

Ninguém está a escutar...

O sacro se mistura ao profanos...


O tato que devora, sem dó nem piedade...

No dispersar dos anos...

Perde a consciência...

Sem hora, nem idade...


Na madrugada que ronda...

Sem rumo, sem afronta...

Fatigado de estar, sem força, nem fumo...

Sob tudo que fez, sem glória nem fama,

Do medo que perdeu, sem dor nem chama...


Quando a noite vem...

Com sombras profundas...

Por Deus, pelos Poetas, pelo mundo, clama...

Eu a si pergunta:

-Valeu?

O silêncio responde...

E o eco da voz, sem resposta...

Se desfaz ao vento...

Que o abraça...


Em meio à escuridão...

Sem luz, nem guia...

Busca respostas...

Mas só encontra sombras frias...


Só o eco dos seus passos...

Sem destino, nem meta...

E o vazio que o  consome...

Sem paz...

Sem ser clemente...

Para ele, de frente, sorri...


Na solidão da alma...

Onde sombras dançam...

Procura a luz...

Procura colo...


Mas só encontra trevas que o cercam...

E ainda assim, continua buscando...

Um sentido...

Uma razão para viver...

Para sonhar...

Para ofuscar o seu sofrer...


Sandro Paschoal Nogueira

sábado, 28 de dezembro de 2024

Que horas são?

 



Que horas são?

Hora dos abandonados...

Hora dos degredados...

Hora dos apaixonados...

Hora dos que andam à noite...

Hora dos papos furados...

Hora dos perdidos,  desavisados...

Hora dos mal acompanhados...

Dos que buscam encontrar...

E não são encontrados...


Que horas são?

Hora em que o tédio abate sem cessar…

Hora das conversas vazias...

Das conversas dos bêbados em sofreguidão...

Hora daqueles que escondem suas tristezas , de sua solidão...

É a hora que vejo tantos sorrisos...

E que percebo tantos corações contritos...


Que horas são?

Hora dos que morrem sem amar…

Hora daqueles sempre a procurar...

Hora dos que se entorpecem...

Dos que gargalham alto...

Hora dos copos cheios...

Dos trabalhadores assalariados...

Que escondem sua insatisfação...

Hora das mesmas mesmices rotineiras...

Das almas e sombras alheias...


Que horas são?

É a hora de quem sonha...

De quem a tudo ama...

De quem tem a inocência...

De planejar e poder crer...

Que tudo será bom...

Mesmo que nada aconteça...


Que horas são?

É  a hora do mistério...

De acreditar que tudo será bom e diferente...

E que no meio de tanta gente...

Hora que o doente...

Pede para sarar...


Que horas são?

Hora da saudade...

Do flete sem maldade...

E se há, disfarça...

Hora das sombras que se formam...

Dos hipócritas cheios de santidade...

Perante a realidade...

Que fingem ignorar...


Que horas são?

Das conversas vazias, sem precisão...

Hora perante o que os homens fazem...

Escondendo-se atrás da sobriedade...

De todas as vidas, abstratas ou concretas...

Verdadeiras ou falsas...


Eu sofro sem penar a vida...

Parado no cais de onde nunca parto...

Ao acaso, sem âncora...

Vagando no tempo...

Apenas sonhando...

Em ser mais amado...


Sandro Paschoal Nogueira

quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Surpresa

 



Digo que não...

Mas eu tenho...

Farto de pão...

Ando faminto...

Digo verdades...

Também muito minto...


Sou aquele do espelho...

Nem de todo bom...

Nem de todo mau...

Nem perfeito...

Nem amoral...


Trago comigo...

O desejo do que digo...

O tempo me rói...

E faz-me embaraçar...

Mas nunca desisto...

De poder sonhar...


Entre a vida e a morte...

Há apenas um simples fenômeno...

Sem saber o que seremos...

Sabemos o que fomos...


Aventura prolongada...

Da lágrima que rola...

De quem se deita com o inimigo...

Contando as horas...


Eu não bebo ambrosia em taças cristalinas...

Bebo um vinho qualquer...

Acompanhando-me a fantasia...

Disfarçando um sofrer...


Procuro-te...

Clamo por ti...

E o teu nome me ilumina...

Eu sei que há diferenças...

Mas não quando se ama...

E isso é o que me facina...


Antes certo...

Do que errado...

Melhor o silêncio...

Do que perder o passo...

Mas se erro...

Corrijo no ato...


Então assim me entrego...

Surpresa e não surpresa...

Vamos e vimos...


Na delícia nua da inocência...

Sou assim...

E assim eu vivo...


Sandro Paschoal Nogueira

quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Tramas

 



Vinho que não é meu...

Das tramas urdidas do destino...

De asas que em certas horas palpitam...

Da teia que me encontro e não sinto...


Bebendo em honra aos inimigos...

Desta audácia,  que dentre vós,  me permito...

Dos homens com fronteiras limitadas...

Que não saem do sepulcro ao mundo dos vivos...


Vinho que não é meu...

Gosto amargo que sorvo com carinho...

Súbito...

Certamente pensariam:

Ali vai um esquisito...


Correram as cortinas e construíram...

Um palco em desalinho...

Para fazer do bobo da corte...

Somente de zombarias o motivo...

Porém contudo há de ser...

Verão a mim sorrindo...


Quem fui não me lembro...

Quem serei não me interessa...

Tudo é orgulho e inconstância...

Que se inspira em mim a crença...

De que tantos vieram e se foram...

Quantos ainda verei mais?


No silêncio da noite...

No fragor do vento...

O vinho amargo que me ofereces...

Só me fortaleces...


Bebo a ti e a todos...

Sem pudor...

Sem querências...

Terás, enquanto a mim...

Uma alma a todo  gosto...


Farei das cinzas frias...

O meu jardim...

Mais lindo...


Sandro Paschoal Nogueira

segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Mentiras


 

Aqui onde se espera...

Sempre um lenço de despedida...

Em alma que flutua...

Na luz órfã do dia...


São certos os abismos...

Escondendo os perigos...

Da mentira que roda e enlaça...

Sufocando toda graça...

Do falso amor sentido...


Descobre-se impaciente os recados...

Sentado à mesa dum café passado...

Pega-se pensando e quando socorreste o miserável...


Percebesse estar só e só ter criado embaraços...

Talvez não suspeites...

Que na verdade nenhum lugar ocupastes...

Apenas distraites...

Com o que não te pertences...


Na escuridão que procura e adormece...

Rolando o leito que se aquece...

Nenhum conhecido que tivesse...

O amor que o pegue criado...


Terra assombrada que lhe é devida...

Cuja vida é água a correr...

Para a fronteira fechada...

Enganando-se a sofrer...


Aproveitar o tempo...

Tirar da alma os bocados...

Antes só...

Que mal acompanhado...


Sandro Paschoal Nogueira

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Cais


 

Eu sou o reflexo de mim mesmo...

Fragmentos de sonhos...

Um espelho quebrado...


O que fui, o que não fui, tudo isso sou...

Um mosaico de erros e acertos, em movimento...


A vida me moldou, com mãos de vento...

E eu me dei conta, de que sou frágil e flexível...


Aceito as curvas, os altos e baixos...

E aprendo a dançar, com os pés descalços...


No alento da existência, eu me encontro...

Alma flutuante, entre engano e desengano...


Mas ainda assim, eu sinto,

Que há uma luz, que me guia e me sustenta...

A rir, desnudo de sonhos não realizados...

No cais de onde nunca parto...


Sandro Paschoal Nogueira

terça-feira, 5 de novembro de 2024

Contemplativo

 



Vivo a vida, sem amarras...

Sinto o vento, sinto a liberdade...

No silêncio, encontro meu ser...

Vida introspectiva, momentos de saber...


Não quero perder a espontaneidade,

Deixar que a vida se torne rotineira.

Lanço olhar para o horizonte,

E vejo um mundo cheio de possibilidades...


São tantas as aventuras, tantos os sonhos...

São tantas as camadas, tantos os mistérios...


Coração alegre, alma livre.

Vivendo no abandono imposto...

Melhor assim...

Não sinto o pesar dos anos...


Sigo em frente, com liberdade e ousadia...

Porque a vida é um presente,

Um labirinto, cheio de desafios...


Mas não me perco, não me desvio...

Não me preocupo, não me atenho...

Possuidor de um coração  contemplativo...

Nunca desisto...


Sandro Paschoal Nogueira

Tudo que preciso


 

Olhos de fogo, alma revolucionária...

Sorriso adormecido, sonho esquecido...


Cidade pequena, ruas desertas...

Sorriso desafiador, sonho libertário...

Murmúrios de revolta, línguas libertas...


Talvez eu não saiba quem sou...

Sob olhares de mim mesmo, sombras reveladas...


Talvez eu seja mais do que pareça...

Sob olhares de desdém, sorrio com ironia...

Respondo com coragem...

Quando o medo me desafia...


Silêncio que me envolve...

Aonde encontro a verdade...

Tudo que preciso, está dentro de mim...

Sem máscaras, sem cadeias...

Apenas ser, apenas existir...

Para encontrar-me, para ser livre"


Não preciso de nada, não quero mais...

Apenas eu, apenas vida..."


Sandro Paschoal Nogueira

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Em teus olhos


 

"Em Teus Olhos"


Em teus olhos, um universo se abre...

Um mundo onde me perco de paixão...

Sinto que estou vivo, em teu amor...

Vibrando  meu coração...


A tua pele, um sol que me aquece,

O teu toque, um fogo que me consome.

Em teus braços, encontro meu refúgio,

E sinto que estou em casa, com você.


Rio profundo,

Que nos leva ao mar do infinito.

Duas almas, que se encontram,

E se perdem no amor, sem limite.


Em teus olhos, vejo o futuro,

Repleto de amor e luz.

Ao teu lado,

Para sempre,

O amor nos conduz...


Sandro Paschoal Nogueira

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Sonhos de louco


 

Tenho sonhos de louco...

E o meu desejo canta

Sonoro e profundo...


Vejo tesouros sem conta...

Amarguras, de dor, de desenganos...

Amores cegos e profundos...


Guardei segredos...

E tive medo...


Porém dizes que não te quero…


E eu te pergunto...

A quem devo tudo o que fiz?


As poesias mais belas...

Apenas olhares receosos...

Como o silêncio dos mudos...


E logo a noite corre...

E os dias seguem de fato...

E arde-me o peito...

De amar-te e ti estar preso...


Sandro Paschoal Nogueira

domingo, 20 de outubro de 2024

Murmúrios


 

E fere a vista...

E dum ou doutro...

Aonde agora quase sempre chego...

O indiferente...

O oposto...

O adversário...

O surdo-mudo...

O recalcado...

Grosso...

Mal educado...


Os mortos reclamam...

Enquanto batem os pratos...

Enrolam seus baseados...

Enchendo seus copos...


A melhor palavra...

É o silêncio...

As idéias...

Um sonho...

De um louco transloucado...

Onde se acenam somente os olhos...


Poderia beber a humildade...

Mas recuso o cálice sagrado...

Poderia comer com os porcos...

Mas sinto-me entendiado...


Prossigo meu caminho...

Desta obra a concluir...

Há vida...

Há murmúrios pelas praças...

Mas como nada vem de graça...

Batalho por existir...


E a triste e dúbia luz...

De quem tenta me ferir...

A Deus peço misericórdia...

Por assim esse coitado insistir...


Apenas magoa-me a saudade...

Do tempo em que habitava...

A transparência da inocência...

Em mim...

Roubada...


Sandro Paschoal Nogueira

sábado, 19 de outubro de 2024

Vagar


 

Imenso e fundo...

Desta meia vida...

Olhando o mundo...


Não põe fé...

Ao que observa e recolhe...

Em busca do que sonha...

Ou no que pensa que é...


Nu...

Sem cárcere e sem véu...

Em que tudo é força e calma...

Por obra da misericórdia...

Agarra-se a Deus...


Vida...

Em pedaços repartida...

Entre chegadas e partidas...

As saudades abrem as feridas...


Amarras...

Loucuras...

Perto ou distante...

Reconhece e inventa...

Nas palavras que diz...

Sua ventura...


Onde é que dói este  ferimento mortal?

Passa perto...

Passa longe...

Entre o bem e também o mal...


A luta é  apenas uma espécie de regresso...

Um sopro...

Um alento...


A terra que não muda...

Dá a vida e devora...

Apenas segue...

Entre as perdidas horas...


E de súbito...


Na rua que segue, tropeça...

Ri da noite embebecido...

Afinal o ocorrido...

É apenas mais um tropeço...

Dos sonhos e enganos...

Do menino desconhecido...


Vê...

Que aida há pouco...

O vento limpara o céu anoitecido...

E assim no tempo de não sei quando...

Às estrelas confessa o teu tédio...

De ver o longe tão perto...

E não achar-se reconhecido...


É só um vagar...

Entre uma lágrima...

E um sorriso...


Sandro Paschoal Nogueira

Noite escura


 

Mas olha, tal qual é...

Tudo de boa-fé...

Pregando olhos de fogo...

Adormeceu sorrindo…

Porém não acordou...


Madrugada gente que saiu...

Ninguem sabe ao certo o que aconteceu...

Como entrou, ninguém viu...


O que se diz...

Não pode ser bem verdade...

Mais vale o que supõe...

A vaidade...


Quando o primeiro me amou...

Muito me entreguei...

Até hoje assim sou...

Uns esqueci...

Outros nunca desapeguei...

Nunca consegui...


No murmúrio dos esgotos...

Das línguas leprosas...

De minha cidade pequena...

De fantasmas das óperas...

Talvez eu não valha nada...

Sob olhares maledicentes e invejosos...


Ah...O medo...

O medo come tudo...

Devora até o nosso sonho mais puro...


Toma para ti, de mim, o que quiseres...

Nada tenho mesmo...

Bebe do meu cântaro se tens sede...

Mas não me desprezes...


Tens fome?

Comes do meu pão...

Entrego-te a ti o que mais do mundo escondo:

É seu...

O meu coração...


Silêncio imposto...

Cujas máscaras escondem meu verdadeiro rosto...

Que grande bem me queira...

Para fazer-me adormecer sorrindo...

Seguindo meu estranho caminho...


Não digas nada a ninguém...

Que eu ando no mundo triste...

E que aqui apenas existo e só...

Noite escura tanto quanto eu...

Vivendo e sonhando...

Tendo apenas as estrelas...

Para disfarçar o breu...


Sandro Paschoal Nogueira

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Deslumbramento


 

Entre tantas misérias...

Poucos buscam a Verdade...

A grande maioria apenas ora...

Contentando-se com o sorriso que chora...


Deslumbramento...

De rudes caminhos...

Murmúrios entre as sombras e os ninhos...

Enquanto os anos passam...

E a vida segue em desalinho...


Tudo na vida está em esquecer...

Ou não,  o dia que passa...

Tua vitória está em saber que não é hoje...

Amanhã será?


Nos desafios do tempo...

Esmorece a esperança...

E na violência que chora...

Não te culpas, mas culpas as horas...


Mas se faz no seu cuidado...

O bem que apenas em sua alma retrata...

Sedento de justiça...

Justiça torta...

E malfadada...


E tendo passado a vida...

E tão pouco compreendido...

Onde se oculta o pavor...

De tão pouco ter aprendido...


Eco...

Vai o grito da cegueira...

Perseguindo a funesta sorte...

Fugindo da morte...


O coração já não sente...

As asas da fantasia...

Agora já perdida...

Busca nas esquinas...

Enganando-se todos os dias...


Mas não desisti da estranha jornada...

Imposta pela sua má vontade...

Não lhe depara o gozo...

Só chora saudades...


Alma de vácuo imenso e fundo...

E desta meia morte...

Continuas a olhar o mundo...

Platéia das cousas mortas...

De vento que sopra...


E responde sorrindo à cruel realidade...

Disfarçando a perdida mocidade...


Perdido estás...

Sob estranho véu...

Pedindo aos céus...

Um novo amanhã...


Sandro Paschoal Nogueira

sábado, 14 de setembro de 2024

Devaneios

 



Sem lembranças...

Perdida todas esperanças...

Passando muitos dias...

Desconhecendo se vê...


E, contudo,  com sua fé...

Com tudo que mudou...

Com que passa e já passou...

Sem  muito cuidados...

Alheio ao desejo...

De não ver-se  magoado...


E vaga ainda...

No interior da carne...

Vida sem gosto...

Corpo sem dono...

Amor sem fruto...

Devaneio...


E no abrir dos olhos...

Sentindo o toque...

Cansado da caridade...

Sem rodeios...

Esquece o freios...

Levando a vida como um sorteio...


Rasga...

Toca...

Hesita...

Se refestela na sarjeta...

Perdido...

Nas noites malditas..


Distantemente uma alegria foi...

Entre os quais...

Se deita...

Com qualquer um...

Que de si se aproveita...


Na perda tal..

Não sente o mal...

Que se sujeita...


Não se condena...

Na desventura que lhe assola...

Só diz que o amor lhe guia...

Como convém...


Triste...

Sem ninguém contradizer...

Já que todos...

Tão próximos...

Disfarçando o sofrer...

Mentem para sobreviver...

Vivendo tão igual..

Apenas rindo, disfarçando, suportando...

O próprio mal...


Sandro Paschoal Nogueira

segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Inocência perdida

 



No cetim negro das noites...

Os anjos só vem quando chamamos...


Breve é o coração acalentado pela inocência...

Que sonha e anseia...

Por viver e muito amar...


Ninguém sabe o que vai

por este mundo...

Com destino certo e sem destino aos tombos...

Cai o pó em dias assolados...

Enquanto o vento faz um rumor frio e alto...


E nada tem sentido...

Em nada que se queira ter...

Tudo são apenas momentos...

Não há nada a compreender...

Deixo que em minhas mãos cresçam os sonhos...

É o que posso fazer...


Haverá coisa que se lhe compare...

No mistério da inocência a perder?

Em vão já procurei me restituir...

O que duramente perdi...


Não sou mais que uma brisa...

Se vejo  coisas que nunca antes tinha visto...

Coisas que sempre soube mas que nunca quis olhar...


Mas como se fosse o milagre pedido...

Nos destinos que não desvendo...

Os anjos me tem atendido...

Ensinando-me a sonhar...


Sandro Paschoal Nogueira 



Como queiras...


 

Como queiras amor...

Como  queiras...

Entrego a ti todo o meu abandono...

Tudo quanto espero...

Tudo quanto sonho e desejo...

Toda minha loucura...

Todo meu desespero...


A chama estremece...

No momento em que os deuses invejam e concedem...

A ventura e o castigo...

Por tudo que vivemos e sentimos...


Ao amor que tomou posse...

De coração que já  não mais sossega...

Há um fogo que devora…

Que me devora a mim...

Rendido pela paixão...

Tendo começo...

Não tendo fim...


A paixão traz a dor...

Quem é que se acalma nessa estranha brincadeira de gato e rato?

Nesses pensamentos e gestos todos emaranhados?


O teu tempo ao meu se seguirá...

Encontrarás aqui o amor tranquilo?

Tão triste estou na noite escura...

Sem levar nos olhos meus...

O teu derradeiro olhar...


Sandro Paschoal Nogueira

Perdido


 

Quem é amado deve...

Quem ama pede...


A lua se insinua...

Entre vielas escuras...

Há fogo que devora...

Que mata e que dá...


Arde a cabeça...

Enquanto o olhar vaga...

Nem entre as estrelas encontras...

O que procuras...


Só porque houve outrora...

No presente indeciso vives agora...

Será que haverá o futuro,

Do que necessitas e sonhas ?


Procura o ar onde a respiração é doce...

E canta para afugentar a tristeza...

Porque és do tamanho que vês...

Porque sentes a falta do que não tens...


Vaga..

Longe de todo céu...

E no inferno onde abitas nada encontra... 

O verme da agonia te devora...

Onde estás afinal,

Nessas horas mortas?


O nevoeiro é tão grande...

E o final não encontras...

Sim...

Tu bem sabes...

Tendes total culpa...


Entre o temor e o espanto...

Reconhece o amor perdido...

Peito endurecido...

Por mostrar-se soberbo e presumido...

Feristes e não percebeste o real sentido...


Tendo o teu erro algum desconto...

Saberia que sendo amado deve...

E que amando...

Deveria ter pouco pedido...


Agora buscas a noite escura...

Cujo medo te afigura...

Tão certa desaventura...

De vagas esperanças...

Nem mesmo te ajuda a lua...


Sandro Paschoal Nogueira

quarta-feira, 28 de agosto de 2024

Façamos


 

Com dura e branda cadeia...

Já esqueci-me de quem eu fui...

E nesta incessante lida...

Já nem sei quem ou o quê serei...


Com o mal, e com o bem...

Já não me dá beijos qualquer passageiro...

Entre o que vai e o que vem...

Entre lágrimas, um sorriso faceiro...


Anjos ou deuses, sempre nós tivemos...

Nossa vontade é o nosso pensamento...

Tão pouco me agrada...

O ardor do inferno...

Ou a paz do céu verdadeiro...


Se eu fosse tão feliz...

De viva voz eu diria:

Que pouco ou muito é dito...

Mas é certo tudo terminar um dia...


Há fogo que devora…

Há frio que abraça...

Há amor que entre nós volteia...

E também o descaso que se semeia...


Eu te abençôo...

Não desejando amaldiçoar...

Mas se o faço...

Não permito ninguém me julgar...


O coração que vive ainda...

E pulsa e quer pulsar...

Ainda sonha...

Em sua metade encontrar...


Oh...

Pudesse durar sempre...

As venturas por quais passei...

Mas compreendo que assim o mundo não seria o que é...

Só lamento por quem tolamente me entreguei...


Tive soluços, febre, e absurdos desejos...

De nada me arrependo...

Mas quisera eu...

Poder voltar no tempo...


Façamos nossa vida um dia...

Que há noite antes e após...

O pouco que duramos...

Ninguém sabe o que vai por esse mundo...

Na eternidade - não é mais que poucos segundos...


Sandro Paschoal Nogueira

sábado, 27 de julho de 2024

Mesa vazia

 



O que não daria eu...

Num dia sem data...

A sentar-me em uma mesa...

Com aqueles que um dia me amaram...


Hoje tenho os lábios secos...

Os olhos marejados...

E arde-me a cabeça...

Do tempo passado...


O presente é todo o passado...

E também é todo o futuro...

Prossegue a música...

Entra mais na alma da alma...

E a lembrança é que entristece...

Essa terra de ninguém...


Espreito então pelas janelas de outrora...

Coisas que sempre soube mas que nunca quis olhar...

Tal a sorte às cegas...

Da nossa existência...


Ter e não perceber o valor que tem...

Perder e então compreender...

Feliz é aquele...

Que sabendo o que tem...

Ama e não se enlouquece...

Quando tudo se vai...

E nada mais vem...


Sandro Paschoal Nogueira

Perfume de pecado


 

Perfumes de pecado...

Oras eu os sei...

Minha prisão de viver...

Inúteis as noites da minha rua…

Sem antes conhecer você ...


Rituais que previ...

Pleno de desejo e de ciúme...

Abismo do seu ser.

Sou saudade do longe donde vim...

Sou esperança por estar junto a ti...


No caminho da vida...

Fui outro, e, outro sendo...

Outro serei...

Tenho fantasmas não tão educados...

Que não sei eu...

Se são casados com o diabo...


Perguntaste-me outro dia

Enquanto olhava-me admirado...

Se a vida me comprazia...

Se eu desejava mudar meu fado...


Menti naquela hora...

E disse que não sabia...

Que te importa afinal...

O bem que me acalenta...

Ou que me fustiga o mal ?


De olhos vagos e perdidos...

Nos olhamos sem nos ver...

Quase tudo passa...

E tão pouco fica...

Dê-me alívio às minhas feridas...


De que são feitos os dias...

Pequenos desejos...

Ou  mágoas sombrias?


O bem que nunca fora...

É o mal que se avizinha...

Mas enfim no que me é guardado...

São meus sonhos conturbados...

Alguns se perderam...

Outros na sarjeta foram jogados...


Anda, vem...

Nem todo prazer é pecado...

Da vida não tenho muitos jeitos...

Só saudades e embaraços...

Junto ao teu peito...

Me perco e me esqueço...


Olhando todos os céus...

Choram em mim os seus presságios...

O maior sonho que acalento...

É por ti ser amado...


Tudo que sou,  sou prelúdio...

O resto foi o que eu não quis...

Como se o tempo fosse um sentimento...

Entre os teus braços enlaçar-me mais...


Sandro Paschoal Nogueira

quarta-feira, 24 de julho de 2024

Começo


 


De tudo houve um começo...

De asas abertas...

Alguém que nunca voou...


Rios que perdi sem os ver chegar ao mar…

Tudo o que guardo...

São muitas palavras de ilusão...


Quando eu sonhava de amor...

Quando em sonhos me perdi...

Eternamente em fuga como as ondas dos mares...

A ti mostrei o meu olhar...


Mas serei sempre o que sou...

Meu destino esconde-se entre a bruma...

Achando sem nunca achar o que procuro...

Onde tenho a alma...

Mãos alheias não tomam...


O amor eterno que te ouvi jurar?...

Diga-me, agora,  onde está...


Mãos de renúncia que não puderam me entender...

Este abandono custa...

Poque estou contigo e tu não...


Mas não sei trocar a minha sorte...

Quando o que há é só o agora...

Como existir no esquecimento?

Fugindo com o vento sem ter onde pousar?


Sandro Paschoal Nogueira

Navalha

 



Bebe do meu cântaro se tens sede...

Que eu sem culpa já bebi...

Todos os venenos foram contatos...

Não fizeram-me mal...

Apenas me fortaleci...


Pus-me a escutar as vozes do silêncio...

Tanto sonho...

Tanta mágoa…

Se tens fome...

Come do meu pão...

Se eu tenho...

Da-me sua mão...


Que importa!

Ninguém sabe...

Daquele amor perdido...

Por dentro das escura noite...

Confundindo os sentidos...


Quantos, que marcham pela vida...

No intenso tráfego dos rotineiros dias...

Expõe suas tolas vontades...

Diante emoções tão frias...


Cavalheiro da triste figura...

Moinho a braços com o vento...

Nenhuma alegria ouvistes...

Só tristezas...

Desalentos...


Quando saíres, não me esqueças...

E não me cortes com a navalha...

Como dizer a um coração fora do peito...

Que para o vinho não há taça?


Por detrás de cada esquina...

A ver no mundo seco a seca realidade...

Erguendo os densos véus ...

Há de livrar-nos Deus...

Da dor indiferente da maldade...

Dos pares meus...


Sandro Paschoal Nogueira

Prelúdio

 



Perfumes de pecado...

Oras eu os sei...

Minha prisão de viver...

Inúteis as noites da minha rua…

Sem antes conhecer você ...


Rituais que previ...

Pleno de desejo e de ciúme...

Abismo do seu ser.

Sou saudade do longe donde vim...

Sou esperança por estar junto a ti...


No caminho da vida...

Fui outro, e, outro sendo...

Outro serei...

Tenho fantasmas não tão educados...

Que não sei eu...

Se são casados com o diabo...


Perguntaste-me outro dia

Enquanto olhava-me admirado...

Se a vida me comprazia...

Se eu desejava mudar meu fado...


Menti naquela hora...

E disse que não sabia...

Que te importa afinal...

O bem que me acalenta...

Ou que me fustiga o mal ?


De olhos vagos e perdidos...

Nos olhamos sem nos ver...

Quase tudo passa...

E tão pouco fica...

Dê-me alívio às minhas feridas...


De que são feitos os dias...

Pequenos desejos...

Ou  mágoas sombrias?


O bem que nunca fora...

É o mal que se avizinha...

Mas enfim no que me é guardado...

São meus sonhos conturbados...

Alguns se perderam...

Outros na sarjeta foram jogados...


Anda, vem...

Nem todo prazer é pecado...

Da vida não tenho muitos jeitos...

Só saudades e embaraços...

Junto ao teu peito...

Me perco e me esqueço...


Olhando todos os céus...

Choram em mim os seus presságios...

O maior sonho que acalento...

É por ti ser amado...


Tudo que sou,  sou prelúdio...

O resto foi o que eu não quis...

Como se o tempo fosse um sentimento...

Entre os teus braços enlaçar-me mais...


Sandro Paschoal Nogueira

segunda-feira, 15 de julho de 2024

Talvez seja breve...

 



Talvez seja breve...

A recordação de um sonho...

E um desejo pontuado de estrelas...


Talvez seja breve...

O barulho que fazem os sentimentos...

A lógica do presentimento...

A razão perdida...

A dor da ferida...


Talvez seja breve...

O agora donde se murmura a vida...

A chegada...a partida...

A glória e a ruína...


Talvez seja breve...

A memória acalentada...

Ou a memória sendo esquecida...


Talvez seja breve...

A paixão não correspondida...

O amor jurado ser eterno...

A dor do peito...

O flagelo...


Talvez seja breve...

A falsa ou verdadeira promessa...

O brilho de uma jura...

Feito em dias claros...

Ou na noite mais escura...


Talvez seja breve...

A alegria ou a tristeza...

A maldade de uma língua...

O bem e o amparo de mãos sofridas...

O medo e talvez o desejo do desconhecido...

Talvez mais breve seja o espamo de um grito...


Talvez seja breve...

O tempo que escoa...

A doença que se avizinha...

A morte que clama...

O silêncio que murmura...

O convite ou a recusa de deitar-se na cama...

O momento de se achar tudo perdido...


Mas que não seja breve...

O seu olhar sobre mim...

Seguido por um sorriso...

De que estás a pensar...

1001 maneiras de poder me amar...

Que me alegre...

Que não consegues disfarçar...


E se tudo que foi breve...

Que muito tenha valhido a pena...

Pois é vivendo que se aprende...

E aprendendo que se vive...


Sandro Paschoal Nogueira

Por que viestes?

 



Por que vieste?

Já nada é o que foi...

Conheço os começos...

E sei como serão os fins...

Rasgas-te o meu peito em pedidos...

Disses-tes a mim o que há muito não ouço e nem sinto...

Destes a minha vida novo sentido...

E partis-tes deixando-me sem abrigo...


Ah...

O medo vai ter tudo...

E cada um por seu caminho...

Minha vida em desalinho...

Sem ti...

Agora tão sozinho...


Vida parada antes de ti...

Eram inúteis e magoadas as noites da minha rua…

Já me bastava tudo isto...

E com tão pouco importava-me...


Me custa acreditar...

Que infelizmente eu não posso amar...

Sou a cada instante o que já não sou...

Mas tu vieste...

E acendeste a chama...


Agora sou saudade...

Ânsia do longe...

Alma sonâmbula...

Cada parte minha permanece quieta...

Vivendo apenas no sonhar...


Sandro Paschoal Nogueira

Fantasma

 



Desconheço...

Sou eu poeta?

Cenário dolente...

Embora me divirta...

Aqui, coração que andou entre os homens, arranco...

Ando à deriva na fonte de muitos olhos...

Movendo-me aqui e agora entre contornos vivos...

A minha prisão de viver são perfumes de pecado...

A grande inteligência é sobreviver...

Entre o murmúrio dos esgotos...

Rotina...

De longos braços estendidos...

Velhos desejos recalcados...

Espantos e receios...

Escondidos em leitos sangrentos...

Disfarçados em diálogos sonolentos...

Provisórios dias do mundo a ti pergunto:

Sou eu poeta?

Desculpai-me esta face...

Serei eu só mais um fantasma de tudo?


Sandro Paschoal Nogueira

sexta-feira, 14 de junho de 2024

Estrelas


 

Ó estrelas infelizes...

Que sois belas e brilhais tão distantes...

Os amantes lhe conhecem...

Mas vós não conheceis o amor...

Brilham somente...


Tal sorte às cegas...

Por eternas leis vos regem...

Mas somente o homem escolhe e julga...

Sonhando em ser feliz eternamente...


Sei que nada me é pertencente...

E que tudo nessa vida é  fugaz...

A cada um o tempo passa diferente...

Consome a tudo sendo voraz...


Então o homem cria desejos...

E seu coração transpõe todo os desertos...

Em nome daquilo que a si mesmo se criou...

Sentes atraído ao mais alto e ardente vôo... Diante tudo que sonhou...


Dentro de nós há também um universo...

De tantas outras estrelas que não vemos...

Porém o destino do homem é tal qual o vento...

Do céu vem, ao céu sobe...

Acaba em questão de momentos...


Vezes sem conto eu tenho às estrelas...

Contado meus sonhos, chorando lamentos...

Entretanto ao passar dos tempos...

Hoje compreendo, perdendo-me a pensar...

Feliz só será a alma...

Que aprender a amar...


Sandro Paschoal Nogueira

quarta-feira, 12 de junho de 2024

Paciência


 


Ser forte, sem ser...

Condescedente por falta de opção...

Vivendo, aprendendo a viver...


Sem querer ficar...

Mas fugir com o vento...

A noite que a tudo acata...

No dia acaba o perdão...


Fechando os olhos...

Como fera que estuda...

Na queda do súbito,  o espanto...

Desnudar a carne para gerar a razão...

Porque se obriga a esconder o sentimento...

Fugindo da decepção...


Hora se tem um...

Hora se perde ao outro...

Nada existir...

Ser igual aos mortos...


Aspirar a voz...

Resfriar o suor...

Saber qual o momento...

Ser a criança que és...

Somente quando parar o tempo...


Segurar a vida por desespero...

Sabendo que nem tudo é tão perfeito...

A segura confiança trançando planos...

Vida estranha...

Vida dura...

Por mais que a gente se articula...

Despenca do barranco...

É uma rotina sem cura...


Vaivém de luzes...

Fatos, momentos...

Organizam a marcha em nossa estrada...

E assim vamos seguindo...

Criando sonhos...

Querer voar...

Sem ter asas...


Páginas em branco...

A serem escritas...

Sorrisos, choros...

Beijos e feridas...


Tudo junto...

Tudo misturado...

E tudo requer cuidado...


No fundo às vezes nem entendemos o porquê...

Mas vamos aprendendo...

Entre sermos felizes e a sofrer...


Infindável luta...


Recomeçar... após perder...


Sandro Paschoal Nogueira

terça-feira, 11 de junho de 2024

Flor do desejo

 



Corpo em carne e desejo...

Que alimenta o tumulto do vento...

Voz de inquietação...

Batalhas a meu lado...

Boca seca...

Palpitante coração...


Vem contigo a madrugada...

Meus olhos não se cansam...

A promessa de tua boca de eternidade...

Em surdina dás-me mais vontade...


Passo na rua e nada vejo...

Por que ardo eu até tão tarde?

Quis eu lá saber a tua idade?


Na embriaguez da cisma...

Foste um murmúrio...

Rua deserta...

Mundo mudo...


O sangue...

Festim ruidoso e ligeiro...

E a ilusão que me trouxe e que não invento...

Adubando a flor do desejo...


Seja meu que de ti também serei...

Arde-me a cabeça de vos querer...

Em febre e vagando...

Deixando-me de ser...


Nunca me dissestes seu nome...

Mas a ti conheço bem...

Enquanto na sombra te espero...

Aos olhos alheios não sou ninguém...


Sandro Paschoal Nogueira

domingo, 9 de junho de 2024

Ingratidão

 



Passeia o teu olhar pelos meus recantos...

E se assim o desejas...

Dou-te a alma inteira...


Tudo fiz para ti...

E ingrato fostes...

Pagando-me com a ingratidão...

Sem fim...


Que importa?

Ninguém sabe...

Nem tu mesmo o sentes...


Entreguei-me em tuas mãos o que escondo dentro...

E foste indiferente...

Nada sentistes...

E ainda nada sentes...


Procuro-te por dentro da noite...

Ponho-me no silêncio nas horas duvidosas...

Morto é o contentamento...

O engasgo tão grande...

Que aperta-me o coração...


Não sei se fiz mal, se bem....

Mas fiz...

O dia e a noite são iguais por dentro...

E sigo com a ilusão...

Alimentando esse redemoinho de estranha situação...


Peço-te em pensamentos...

Não me atrevo a dizer-te...

Não me esqueças...


Embora ouça  o eco do amor há muito soterrado...

Mas o que tem de acontecer que aconteça...

Triste escolha...

Triste fado...


Sandro Paschoal Nogueira

Faltas


 

Quem vós engana para conseguir o que desejas?

Pois te falta espelhos pra ver tuas faltas...

És terra, és lodo, és pó...

És vazio na alheia cama...


Mas não te digo, nem te lembro nada...

Enquanto entre risadas vaga...

O tempo vil, que tudo troca, e muda...

Sem perdão,  de outrora sem culpa...

Desgasta o que cultua...

E te levará à cova...


São dias de febre na cabeça...

E não sentes o que te corrói...

Num jardim onde há flores  sem hastes...

Dá-se sua alma em troca...


Finges uma lágrima enquanto chora...

A ti e aos teus no correr do tempo...

Somente enganas a tu mesmo...

Enquanto apodrece a alma...


Triste e dúbia luz em que vives...

Cuja vaidade lhe assombra...

Entre falsas lisonjas caminhas...

Em suas tristes e perdidas horas...


Eu dar-vos-ia as estrelas...

Se realmente soubesses amar...

Mas que triste ironia...

Nem isso anseias por sonhar...


Nem batalhas,  nem paz tens...

Apenas um grito na memória...

Apenas dia após dia...

Apenas noite que vai e vem...


Se alguma qualidade pode ser preferida...

Não a restrinja...

És só...

Não tem ninguém...


Redemoinho de ventos...

A desenhar seus próprios pés...

Incerto destino te procura...

Enquanto vagas na realidade crua...

Enquanto singra pelas noites e ruas...


Seria hipócrita se dissesse...

Que sendo assim não te quero...

Contundo cresce em mim a paixão...

Desde que apenas com um único olhar seu...

Roubaste meu coração...


Sandro Paschoal Nogueira


sexta-feira, 7 de junho de 2024

Perder é recomeçar


 


Perder é recomeçar...

Antes que desperte em mim algum grito...

Antes que se perca o sentido...

Diante o desconhecido...


Não me disseram para o que vim ainda...

Em um excesso de desejar sonhar, sonho...

Mas não sei trocar a minha sorte...

Antes da morte me beijar...


Hei de gritar...

Hei de cair e de chorar...

Também levantar...

Hei de amar, querer , desejar...

Não quero ter outra lei...

Além de sonhar...


Terrível solidão do mundo...

Onde pensam serem felizes por estarem acompanhados...

Onde colocam suas esperanças...

Em outro tão mais ou menos coitado...


Transcende a vida...

Entre as feridas...

Entre sopros...

Enganando-nos ...

Entre sorrisos e arrotos...

Enquanto nos abandonamos...


Enquanto no peito pulsa e canta a chama...

No silêncio mais fundo de nossa alma...

Sobre tudo por nós criado...

De si mesmo...

Contemplador e contemplado...

Enquanto escoa o tempo e o vento...

Até se completar o fado...


Perder e recomeçar...

Sempre...

Voltando, novamente...

A sonhar...


Sandro Paschoal Nogueira

Juras


 

Minha luta é dura...

Olhos cansados por verem  a terra que não muda...

Porque o melhor de meu mal está todo no cuidado...

Do que foi-me tomado...


E a noite que se avizinha...

Mostrando-me a face obscura...

Faz-me juras...


Mordendo o fruto das manhãs proibidas...

Um sossego como se nada existisse....

Assim o tempo escoa...


Me perco a pensar o que isto significa...

Que importa! 

Ninguém sabe...

Dá-me um estranho ar de loucura...

Um vazio...

Inesgotável procura...


Mistério mais audaz da minha vida...

Em que todos os venenos estão contados...

Meu prêmio e meu castigo...

Anseio delirante...

De intensa saudade...

Que tanto sinto...


Ah...

Ilusão sombria...

Amor sem fruto...

Do pensar na vida...

Fuga perpétua...

Despedaçar...

Emendar...

A pressa contida...

Só para mim, que vou comigo...


Quero nesta noite...

E nas noites vizinhas...

Que enfim as estrelas...

Dêem-me suas graças infindas...

E assim...

Deixando de sere tão escura...

Já não me pesem...

O  cansaço de meu olhar...

Sob juras...


Sandro Paschoal Nogueira

segunda-feira, 27 de maio de 2024

Desenganos

 



Já não posso ser contente...

Onde se foram aqueles que me amaram...

O que é deles?

Ando perdido entre muitas  gentes...


Conselhos não segui...

E vieram os desenganos...

A vida passou tão corrida...

Hoje apenas sigo sem rumo...

A esperança está perdida...


Prazeres que tenho visto...

Sem meus entes queridos...

Já não fazem sentido...


Cheia de penas me deito...

E com mais penas me levanto...

Dia após dia...

Noite após noite...

Só as lembranças amenizam...

As minhas tantas feridas...


E de noite eu sonho...

Com dentro de mim o castigo...

Pai, mãe, irmão...

Todos se foram...

Só em Deus hoje me abrigo...


Oh...

Quem me dera ainda ser embalado...

Neste mundo  estranhável...

Ter ainda um conforto...

Desse meu olhar tão cansado...


Destino: aqui me tens...

Neste meu silêncio fustigante...

Sonhando e me iludindo...

Como foi bom meu antigamente...


Mas assim tu segues...

O outrora não é mais...

Quem sabe no vindouro...

Encontrarei a paz...


Sandro Paschoal Nogueira

Erros e acertos

 



Já bebi da Sabedoria...

E questionei os enigmas sem fim...

Já puxei da faca...

Fiz muitas coisas...

E tantas me arrependi...


Já fugi de encontros marcados...

Alguns nem cheguei a ir...

Já deixei de aceitar um abraço...

Como também com muitos dormi...


Já fui esperto...

Também tolo fui...

Já tive pressa...

E andei devagar...

Sorri, chorei...

Mas nunca deixei de sonhar...


Já enterrei todos os meus...

E com eles à cova quis descer também...

Conheci o purgatório e o paraíso...

Na saudade que vai e vem...


Por esse mundo de meu Deus...

Ingênuo sempre fui...

Alguns de mim se aproveitaram...

Hoje, cansado, deles não quero mais nada...

Já que tantos em minha jornada me faltaram...


Alguns segredos foram rompidos...

Confiei demais...

Boca fechada não entra mosca...

Aprendi como se faz...


Incompreendido eu fui...

Aprendi a dizer adeus...

Também aprendi a perdoar...

Erros alheios relevar...

Não sou perfeito...

Não sei aonde vou chegar...

Mas se Deus perdoa...

Quem sou eu para contrariar?


Tive ouro...

Tive prata...

No bolso alguns cobres...

Passei fome e aprendi a dividir o pão...

Já tomei tapa na cara...

E encontrei quem já me estendeu a mão...


Fui motivo de riso...

Fui motivo de chacota...

Muitas vezes magoado...

Mas a vida tudo ensina...

Nos ensina a ter mais cuidado...


Se um dia a juventude voltasse...

Erros e acertos sei que os repetiria...

Vivendo e aprendendo sempre...

Sendo grato pelo nascer de mais um dia...


Tenho cá comigo...

Que o céu devo esperar...

Do inferno me afastar...

E de nunca me perder...


Mas carrego em minha alma...

De ambos um bocado...

A colheita é justa...

Devo aprender a plantar com cuidado...


E assim sigo...

Todo dia aprendendo...

Entre erros e acertos...

Feliz vou vivendo...


Sandro Paschoal Nogueira

Mal sem cura

 



Ando lá sem descansar...

Entre as pedras que me fitam...

Inertes como dantes...

Nunca vão me consolar...

E rio...


Tal como andorinha...

Abro meus sonhos a voar...

Mesmo que a dor rasgue meu peito...

Pelo que não vai voltar...


Tenho amor, sem ter amores...

Este mal que não tem cura...

Já não sei se estou contente ou triste...

É o mal e é o bem que me apura...


Fico à espera de novidades...

Pois não confio em promessa alheia...

Palavras para mim em ferro e fogo devem ser forjadas...

E não na areia somente rabiscadas...


Na pele das serpentes...

Conheço muitas...

Ou entre as sombras da madrugada...

Nem promessas e nem riquezas...

Espero de gente dissimulada...


Porque só aquele que sabe...

Que nada tem e que nada possui...

Não se ilude com falso esplendor...

E também não  se engana com gente de baixo valor...


Sou do tamanho do que vejo...

Tenho projetos e ambições...

Ao vento não conto meus segredos...

E só confio em Nosso Senhor...


E assim entre as pedras sigo...

Aos solavancos do destino...

Enquanto passo sorrindo...

Enquanto elas só me fitam...


Sandro Paschoal Nogueira

Razões


 


Falam de tudo como se a razão lhes murmurasse nos ouvidos...

Falam mentiras sempre a favor do vento que as agita...

Onde tudo se vende sem asco...

Vomitam as almas doentias...


No altar do esquecimento...

A frieza está nua...

Entre sorrisos e deboches...

Cumprem a fadada sorte...


Dos sonhos sempre iguais...

A ambição querendo sempre mais...

Da inveja que corroe...

Vivenciando a falsidade ...

Do egoísmo voraz...


Será esse o pão nosso de casa dia?

Áspero degredo onde não há segredos...

Gente previsível...

Tremo e pressinto...

Adivinho os seus ais...


Pendentes do próprio espetáculo...

Entre danças funestas...

E línguas maldosas...

Triste história...

Sem história...

Vácuo de alma vazia...


Sinto-lhes o assédio...

Olhos que me fitam...

Sombras que rastejam...

Não venham me dar essa vida...

De gente falsa...

Gente fingida...


Não tenho mal nem dor

Não quero me encontrar porque não me perdi...

Nunca te pedirei o que não possas dar...

Mas só peço-te uma única coisa...

Cuides de suas próprias feridas...


Sandro Paschoal Nogueira

Embriaguez


 


Na embriaguez da cisma, um murmúrio...

Digam-lhe que amor me leva...

Já de tanto olhar cansado...

Um bem que o fosse deveras...

De tanto olhar à procura...


Desejo entranhável...

Donde mesmo este amor virá?...

Morto já é meu contentamento...

Velo meus sentimentos...

Em tantos e tantos olhares...

Sem encontrar...


Não sei onde isto há de ir ter...

Não é esta graça que quero...

Somente os céus me consentem...

Volver meus olhos aos dias nascentes...

E no coração voraz imenso...

Sufocar esse mal que tanto me dura...

Indo mais fora do caminho...

Acalentando meus sonhos sozinho...


Cousa certa que não acerto...

Pensando em estar mais perto...

Sigo sempre sonhando...

Em te encontrar em meus caminhos...


Por que é que me não disseste,

Toda a terrível verdade ?

Se eu conhecer a ventura...

Também posso perde-la cedo...


Deixo correr as horas fugidias...

E ao escapar do tempo não me entrego...

Antes amar-te em sonhos...

Do que ser árido deserto...


Sandro Paschoal Nogueira

Que bem eu lhe fiz?


 

Não sou mestre das cores...

Nem o senhor dos venenos...

Mas aprendi que as pessoas...

Não são aquilo que dizem ser...


Morei em corações...

E deixei que morassem no meu...

Construí meus sonhos...

E meus lábios muito se perderam...


Saudei a lua e as estrelas...

E pelo vento fui beijado...

Bem conhecem os mais velhos...

A que tudo repetem...

Com eles tive meu aprendizado...


Antes que tudo se perca...

Antes que tudo se esqueça...

A ingratidão...

Do espírito é a pior cegueira...

Só reconhecida após a desilusão...


Vi abismos...

Mas não a infernal descida...

Gosto amargo de alguns sentimentos senti...

Mas nem isso tirou-me a beleza da vida...


Anseios delirantes...

Tive...

Perpétuas saudades de minutos...

Acalentei...

O amor de quem quer que seja...

Clamei...

Pouco senti...

Tanto chorei...


Pus as mãos sob o rosto...

Gritos abafei...

Meus olhos marejados...

Escondi-os e os sequei...


Na embriaguez de minhas cismas...

Nos murmúrios de minha alma...

Muitas vezes confuso,  perdido...

Dobrei meus joelhos...

E orei...


De contato a contato...

Nova  vida...

Constantes aprendizados...


Do pensar na vida...

Essa entrega e fuga perpétua ...

Sim, ainda vago...


Busco em mim agora...

A vida feito festa para as vistas...

Abro-me, novamente, as portas...

Não para condenar...

Mas sim novos horizontes alcançar...


Se algum bem te fiz...

Não lamentes esta perda tal...

Mas peço-te que não me tenhas em mau juízo...

E que não me desejes o mal...


Sandro Paschoal Nogueira