Não falarei de minha poesia.
Não rimarei minha angústia...
Não direi que o mundo vai acabar...
Não direi da vida persistente que renasce...
De todos os truques...
De todas as formas de amar...
Sabes tu dizer que não?
Reprimir os maus, fazer aos bons justiça?
Sua ocupação dormir, comer, trepar...
Ignorância, desmazelo, incúria...
Hipocrisia que finges não ter...
A quem contigo não preocupas...
Mas que desejas agradar...
Todo esse tempo que lá vai...
Vejo passar a minha vida...
O que construí...
O que tenho...
O que senti...
Fecho as portas...
Fumo, e às vezes choro...
Tenho amigos que pensam confundir-me...
Outros tantos jurando me enganar...
A noite negra, irmã do desespero...
Faz-me apelos...
Adormecendo o pensamento...
Escondendo meu sonhar...
Importa amar, sem ver a quem?
Por mim, bem sei...
Que hei-de aceitar o que vier...
Embriagado os sentidos...
Não hei de recusar...
Tantos que vivem sobrevivendo...
E pergunto o sentido de tal sofrimento...
Nesta localidade da cidade…
Onde vejo tantos copos cheios...
Tantos jovens drogados...
Buscando algum sentido...
De crescer em alma e espírito...
Fujo da morte...
Embarcando à vida...
Enquanto me sussurra o vento:
-Tudo faz parte de seu espaço e tempo..
-Tudo é um aprendizado...
-Deleite-se nesse singular momento...
Noite perdida...
Quiçá o dia será encontrado...
E sigo minha estrada...
Enquanto medito sobre o dito...
Perante esta única realidade...
Perante meu abismo...
Cujos olhos me fitam...
Sufoco o angustiante grito...
Será somente isso?
Natureza diáfama...
De tantas almas...
De tantas histórias...
A eternidade seria assim?
Viver a cada uma...
Um constante experimentar sem fim?
Sandro Paschoal Nogueira
Nenhum comentário:
Postar um comentário