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domingo, 4 de junho de 2023

Poço


 


Noite à fora...

Sobre uma navalha...

Ó divina esperança...

Sonho de criança...


O tempo a criar silêncio...

Tornando o sonho  poeira dos tempos...

Poço imenso e fundo...

Que engoliu meus desejos...


A ver no mundo seco a seca realidade...


Dos ébrios jogados à sarjeta...

Das matronas em penunbras das ruas da esquerda...

Dos pederastas em gargalhadas...

Disfarçando as lágrimas não jogadas...

Das mocinhas vendendo favores...

Em troca de licores...

Daqueles que só encontram alegrias...

Quando deixam suas garrafas vazias...


A vã loucura a moda é prima-irmã...

Mas quando vem o senso erguer-lhe os densos véus...

Desse desgosto...

Livrai-me Deus...


Salvo o meu desejar...

Teço beleza em tudo...


No hálito podre de um sugismundo...

No idoso porchetta...

Em quem que com qualquer um se deita...


Nessa langorosa magia...

Sob a lua que irradia...

As torpes paixões...


Sigo para meu descanso...

Aguardando, quiçá ...

Outro dia...


Valei- Deus...

Ou quaisquer outros guias...

Fim de noite...

Madrugada fria...


Eu próprio me interrogo:

– Onde estou? Onde estou?

E procuro nas sombras enganosas...

Sob essas horas mortas...

As mesmas coisas repetidas...


Inúteis os sonhos e as amarras

que nos prendem ao cais...

Mas quem sou eu que não escuto meus próprios ais?


Sandro Paschoal Nogueira

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