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quarta-feira, 4 de agosto de 2021

Corrilho

 



#CORRILHO


Bebendo do orvalho fresco da madrugada...

Do cogumelo à gotejar...

Na clareira de elfos...

Minha alma ali está...


O deus corvo a tudo observa...

Sob a prata no céu que fragela...

Confrontando nu o abismo...

Em frenesi danço enquanto clamo...

Ao deus corno invoco, chamo...


A clareira então ilumina-se...

Estrelas descem do céu...

A fogueira mais brilha...

Descortinando o estranho véu...


Sim...

Sou indomável pois não caibo no mundo...

Faço os anjos caírem de amor...

Faco os demônios desejarem com ardor...

Os mortais temem o corrilho...

Ignorantes vêem terror...


Movendo-se abertamente...

Às vezes outras silenciosamente...

O caminho é secreto...

A direção, desconhecida...

Tal qual peçonha...

Em uma vegetação rasteira...

Trago a verdade esquecida...


Numa aventura fantástica, quase onírica...

Pernas se entrelaçam...

Braços transformam-se em serpentes...

Das profundezas às alturas subo...

Rodopiando na abóbada vertente...


A taça transborda de vinho e passo adiante...

Abrindo os sentidos...

Na áurea névoa presente...


A grande arte enfim ensina...

Nas sombras vestir-se de luz...

A fera não é domesticada...

Não é para qualquer pessoa...

Essa jornada...


E como tal conhecimento que a tantos seduz...

Vem de berço, para os eleitos...

Eras de tradição se afunilam entre as unhas...

Folhas tratadas aos pés do salgueiro...


O fogo não é temido...

Arde no peito incensante...

E lá se vai o tempo...

A eternidade é só um instante...


Justificando que todo destino é traçado...

Não explico o porquê de cada sina...

Uns levam a vida como um fardo...

Tateiam as incertezas como um cego...

Assim ninguém compreende nada...

Que a vida é um doce mistério...


Enfim eu lhe desejo não parar tão cedo...

Pois toda idade tem seu prazer e seu medo...

Não tenho aquelas velhas histórias para contar...

Mas tenho a cumplicidade para recordar em tão pouco tempo...


Sandro Paschoal Nogueira 


Conservatória - Caminhos de um poeta

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