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quarta-feira, 23 de abril de 2025

Despedidas


 

Se me deixares, eu te digo...

Que neste mundo de enganos...

Eu não fui enganado...

Mas tive contigo um bom tempo...

E neste tempo fui amado...


Mas tenha para comigo...

Assim como terei para contigo...

Somente boas lembranças...

E de um novo recomeço...

Que agora, com fé,  persigamos...


Falei e tudo fiz de quanto amei...

Das coisas que recebi e também dei...

O sonho passa...

E após a insistente dor...

Novos sentimentos nascem...


Se tanto me dói que as coisas passem...

É porque cada instante em mim foi

muito vivo...

E o tempo já passado...

Por nós nunca seja esquecido....


Sandro Paschoal Nogueira

Cuidados


 

Contei-lhe minha história e para ti fiz nascer poemas...

Coração solto em terra ímpia a florescer...

Da ilusão por mim criada só tive algemas...

Onde aprendi a sofrer...


Todas as portas já cerradas...

Todas as ruas vazias...

Vejo as estrelas a chorar...

E até,  quem diria...

Não é mais bela a lua...

É só uma luz fria...


No jardim das almas...

Ninguém acompanha meu caminhar...

Saudade ou aspiração?

Deixei minhas virtudes cair ao chão...


Cansei de tanto oferecer...

Do que não há de voltar...

Do tempo que há de chegar...

Castigo inexpiável...

Tamanho é meu parecer...

Para ter meus sonhos realizados...

A quem devo obedecer?


Para quê a busca das coisas?

Quando por fim tudo acaba?

Valerá a luta da conquista...

Onde ainda se crê e se ama ainda?


Sim, é certo...

Quem eu amo...

Agora zomba e ri do meu amor…

Em tudo o que fiz pus o cuidado...

Será possível mesmo o fim de tudo?

Restando-me só ausência e dor?


Sandro Paschoal Nogueira

domingo, 13 de abril de 2025

Babel


 

Tenho os lábios secos...

Arde-me a cabeça...

Tenho febre...

Vejo o presente, e também o passado e o futuro...

E tudo me assusta...


Já nem sei mais o que digo...

Penso em deixar de pensar...


Trago perdido o que o espelho não mais retrata...

Sem o cortejo das estrelas...

Sem o que me enfeita...

Inocência...

Aonde deixei ficar?


Vens oh lua...

Espantas com o teu clarão as sombras que me perseguem...

Todos os lugares são o mesmo...

Com um coração que tem que pulsar...

Dizer a Verdade quem poderá? 


E do esquecimento inviolável...

Nas trevas sondo, fixo e absorto...

Interrogo o intrépido destino...

Além das cousas transitórias...

Das paixões e das formas ilusórias...


Em meu refúgio...

Continuo sonhando...

Onde me perdi...

Também me encontrei...

E dos cálices de absinto que bebi...

Nessa Babel velha e corrupta...

Muitos outros sei...

Que ainda os beberei...


Sandro Paschoal Nogueira