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quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Tramas

 



Vinho que não é meu...

Das tramas urdidas do destino...

De asas que em certas horas palpitam...

Da teia que me encontro e não sinto...


Bebendo em honra aos inimigos...

Desta audácia,  que dentre vós,  me permito...

Dos homens com fronteiras limitadas...

Que não saem do sepulcro ao mundo dos vivos...


Vinho que não é meu...

Gosto amargo que sorvo com carinho...

Súbito...

Certamente pensariam:

Ali vai um esquisito...


Correram as cortinas e construíram...

Um palco em desalinho...

Para fazer do bobo da corte...

Somente de zombarias o motivo...

Porém contudo há de ser...

Verão a mim sorrindo...


Quem fui não me lembro...

Quem serei não me interessa...

Tudo é orgulho e inconstância...

Que se inspira em mim a crença...

De que tantos vieram e se foram...

Quantos ainda verei mais?


No silêncio da noite...

No fragor do vento...

O vinho amargo que me ofereces...

Só me fortaleces...


Bebo a ti e a todos...

Sem pudor...

Sem querências...

Terás, enquanto a mim...

Uma alma a todo  gosto...


Farei das cinzas frias...

O meu jardim...

Mais lindo...


Sandro Paschoal Nogueira

segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Mentiras


 

Aqui onde se espera...

Sempre um lenço de despedida...

Em alma que flutua...

Na luz órfã do dia...


São certos os abismos...

Escondendo os perigos...

Da mentira que roda e enlaça...

Sufocando toda graça...

Do falso amor sentido...


Descobre-se impaciente os recados...

Sentado à mesa dum café passado...

Pega-se pensando e quando socorreste o miserável...


Percebesse estar só e só ter criado embaraços...

Talvez não suspeites...

Que na verdade nenhum lugar ocupastes...

Apenas distraites...

Com o que não te pertences...


Na escuridão que procura e adormece...

Rolando o leito que se aquece...

Nenhum conhecido que tivesse...

O amor que o pegue criado...


Terra assombrada que lhe é devida...

Cuja vida é água a correr...

Para a fronteira fechada...

Enganando-se a sofrer...


Aproveitar o tempo...

Tirar da alma os bocados...

Antes só...

Que mal acompanhado...


Sandro Paschoal Nogueira

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Cais


 

Eu sou o reflexo de mim mesmo...

Fragmentos de sonhos...

Um espelho quebrado...


O que fui, o que não fui, tudo isso sou...

Um mosaico de erros e acertos, em movimento...


A vida me moldou, com mãos de vento...

E eu me dei conta, de que sou frágil e flexível...


Aceito as curvas, os altos e baixos...

E aprendo a dançar, com os pés descalços...


No alento da existência, eu me encontro...

Alma flutuante, entre engano e desengano...


Mas ainda assim, eu sinto,

Que há uma luz, que me guia e me sustenta...

A rir, desnudo de sonhos não realizados...

No cais de onde nunca parto...


Sandro Paschoal Nogueira

terça-feira, 5 de novembro de 2024

Contemplativo

 



Vivo a vida, sem amarras...

Sinto o vento, sinto a liberdade...

No silêncio, encontro meu ser...

Vida introspectiva, momentos de saber...


Não quero perder a espontaneidade,

Deixar que a vida se torne rotineira.

Lanço olhar para o horizonte,

E vejo um mundo cheio de possibilidades...


São tantas as aventuras, tantos os sonhos...

São tantas as camadas, tantos os mistérios...


Coração alegre, alma livre.

Vivendo no abandono imposto...

Melhor assim...

Não sinto o pesar dos anos...


Sigo em frente, com liberdade e ousadia...

Porque a vida é um presente,

Um labirinto, cheio de desafios...


Mas não me perco, não me desvio...

Não me preocupo, não me atenho...

Possuidor de um coração  contemplativo...

Nunca desisto...


Sandro Paschoal Nogueira

Tudo que preciso


 

Olhos de fogo, alma revolucionária...

Sorriso adormecido, sonho esquecido...


Cidade pequena, ruas desertas...

Sorriso desafiador, sonho libertário...

Murmúrios de revolta, línguas libertas...


Talvez eu não saiba quem sou...

Sob olhares de mim mesmo, sombras reveladas...


Talvez eu seja mais do que pareça...

Sob olhares de desdém, sorrio com ironia...

Respondo com coragem...

Quando o medo me desafia...


Silêncio que me envolve...

Aonde encontro a verdade...

Tudo que preciso, está dentro de mim...

Sem máscaras, sem cadeias...

Apenas ser, apenas existir...

Para encontrar-me, para ser livre"


Não preciso de nada, não quero mais...

Apenas eu, apenas vida..."


Sandro Paschoal Nogueira