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sábado, 18 de junho de 2022

Fera

 


#FERA


Em que longínquo abismo...

Em que remotos céus você se esconde?

Enquanto o seu coração de vidro bate...

Ressoa, sem alarde entre os mortais pela eternidade...


O silêncio já não lhe amordaça...

Saltam de seu olhar...

Faíscas e trovoadas...

Sonhos desfeitos...

Um vácuo no peito...

E rega a terra sob suas lágrimas...


Quem entre os homens poderia lhe acalmar?

Não se entrega à lama que lhe espera...


No ódio que lhe cerca...

Na sarjeta que o chama...

Sacrifica suas quimeras...


Necessidade de ser fera...

Se alguém se compadece...

E por você chora...

A mão que afaga também não perdoa...

E ao incalto devora...


Veste-se de saudades...

De tristeza e dor...

Dos anjos não dá ouvidos ao clamor...

É fera ferida constante...

Essa é a sua condição marcante...


Não é insano...

É um lamento...

É impávido em calado sofrimento...


Sandro Paschoal Nogueira 


facebook.com/conservatoria.poemas

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