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sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Despertar


 

Dei-te os dias...

Deite-te as horas e os minutos...

Destes anos de vida que passaram...

Ficamos nas paredes do vento...


Contamos as desilusões do coração...

Vivemos na esperança...

Mas fui pedra lançada em teu caminho...

E vi no espelho, a dura lição...


Cantei em coros de ilusão...

Mas a melodia se desfez no ar...

Perdi o rumo, a direção,

Num mar de sonhos a naufragar...


Depois…

Ah....Sempre depois...

Depois a verdade...

A fria realidade...

Olhei...

E daquele sonho despertei...


Não há mais véus, nem doce engano...

A alma nua, sem recuar...

O antigo "nós" é um plano insano...

Que já não pode mais brotar...


Desfizera-se a mentira...

Restou-me a certeza fria...

Hoje é quem eu sou...

Quem de quem fui?


Nada me prende a nada...

A liberdade que me guia.


Sandro Paschoal Nogueira

Amanhã


 

Nem um som...

Nem um grito...

Nem um ai...

O dia corre...

A noite se debruça...

Tudo mais passa...

O vento varre as flores no chão...


Que este destino em que venho...

Um alento que tenho...

Recomece sempre de esperança...

Junto ao brilho das estrelas...

Aonde os  sonhos se alcançam...


Paz sem vencedor...

Paz sem vencidos...

Se te fiz mal que conte-me as mágoas geradas...

Mostre-me tuas feridas...

Tuas roupas rasgadas...


Só eu sei de meus enredos e de  minhas agonias...

Meus loucos desejos...

Minhas estranhas fantasias...


Não me julgues,  pois a ti não me atrevo...

Taça cheia que ninguém ergue da mesa...

Não beba desta volúpia...

Sobre mim não te engrandeças...


Há verdades nas sombras...

E mentiras na luz...

Há silêncio de morte que também seduz...


Até quando?

Até quando...

Irei esperar em meu desespero...

Até quando sufocará o grito de meu peito?


Porque um só tempo é o nosso...

E o tempo é hoje...

Se não é submissão...

Já tarda a revolta...

Não demores pois então...


Veja...

O amanhã está à porta...


Sandro Paschoal Nogueira