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sábado, 28 de dezembro de 2024

Que horas são?

 



Que horas são?

Hora dos abandonados...

Hora dos degredados...

Hora dos apaixonados...

Hora dos que andam à noite...

Hora dos papos furados...

Hora dos perdidos,  desavisados...

Hora dos mal acompanhados...

Dos que buscam encontrar...

E não são encontrados...


Que horas são?

Hora em que o tédio abate sem cessar…

Hora das conversas vazias...

Das conversas dos bêbados em sofreguidão...

Hora daqueles que escondem suas tristezas , de sua solidão...

É a hora que vejo tantos sorrisos...

E que percebo tantos corações contritos...


Que horas são?

Hora dos que morrem sem amar…

Hora daqueles sempre a procurar...

Hora dos que se entorpecem...

Dos que gargalham alto...

Hora dos copos cheios...

Dos trabalhadores assalariados...

Que escondem sua insatisfação...

Hora das mesmas mesmices rotineiras...

Das almas e sombras alheias...


Que horas são?

É a hora de quem sonha...

De quem a tudo ama...

De quem tem a inocência...

De planejar e poder crer...

Que tudo será bom...

Mesmo que nada aconteça...


Que horas são?

É  a hora do mistério...

De acreditar que tudo será bom e diferente...

E que no meio de tanta gente...

Hora que o doente...

Pede para sarar...


Que horas são?

Hora da saudade...

Do flete sem maldade...

E se há, disfarça...

Hora das sombras que se formam...

Dos hipócritas cheios de santidade...

Perante a realidade...

Que fingem ignorar...


Que horas são?

Das conversas vazias, sem precisão...

Hora perante o que os homens fazem...

Escondendo-se atrás da sobriedade...

De todas as vidas, abstratas ou concretas...

Verdadeiras ou falsas...


Eu sofro sem penar a vida...

Parado no cais de onde nunca parto...

Ao acaso, sem âncora...

Vagando no tempo...

Apenas sonhando...

Em ser mais amado...


Sandro Paschoal Nogueira

quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Surpresa

 



Digo que não...

Mas eu tenho...

Farto de pão...

Ando faminto...

Digo verdades...

Também muito minto...


Sou aquele do espelho...

Nem de todo bom...

Nem de todo mau...

Nem perfeito...

Nem amoral...


Trago comigo...

O desejo do que digo...

O tempo me rói...

E faz-me embaraçar...

Mas nunca desisto...

De poder sonhar...


Entre a vida e a morte...

Há apenas um simples fenômeno...

Sem saber o que seremos...

Sabemos o que fomos...


Aventura prolongada...

Da lágrima que rola...

De quem se deita com o inimigo...

Contando as horas...


Eu não bebo ambrosia em taças cristalinas...

Bebo um vinho qualquer...

Acompanhando-me a fantasia...

Disfarçando um sofrer...


Procuro-te...

Clamo por ti...

E o teu nome me ilumina...

Eu sei que há diferenças...

Mas não quando se ama...

E isso é o que me facina...


Antes certo...

Do que errado...

Melhor o silêncio...

Do que perder o passo...

Mas se erro...

Corrijo no ato...


Então assim me entrego...

Surpresa e não surpresa...

Vamos e vimos...


Na delícia nua da inocência...

Sou assim...

E assim eu vivo...


Sandro Paschoal Nogueira