Total de visualizações de página

6771

segunda-feira, 27 de maio de 2024

Desenganos

 



Já não posso ser contente...

Onde se foram aqueles que me amaram...

O que é deles?

Ando perdido entre muitas  gentes...


Conselhos não segui...

E vieram os desenganos...

A vida passou tão corrida...

Hoje apenas sigo sem rumo...

A esperança está perdida...


Prazeres que tenho visto...

Sem meus entes queridos...

Já não fazem sentido...


Cheia de penas me deito...

E com mais penas me levanto...

Dia após dia...

Noite após noite...

Só as lembranças amenizam...

As minhas tantas feridas...


E de noite eu sonho...

Com dentro de mim o castigo...

Pai, mãe, irmão...

Todos se foram...

Só em Deus hoje me abrigo...


Oh...

Quem me dera ainda ser embalado...

Neste mundo  estranhável...

Ter ainda um conforto...

Desse meu olhar tão cansado...


Destino: aqui me tens...

Neste meu silêncio fustigante...

Sonhando e me iludindo...

Como foi bom meu antigamente...


Mas assim tu segues...

O outrora não é mais...

Quem sabe no vindouro...

Encontrarei a paz...


Sandro Paschoal Nogueira

Erros e acertos

 



Já bebi da Sabedoria...

E questionei os enigmas sem fim...

Já puxei da faca...

Fiz muitas coisas...

E tantas me arrependi...


Já fugi de encontros marcados...

Alguns nem cheguei a ir...

Já deixei de aceitar um abraço...

Como também com muitos dormi...


Já fui esperto...

Também tolo fui...

Já tive pressa...

E andei devagar...

Sorri, chorei...

Mas nunca deixei de sonhar...


Já enterrei todos os meus...

E com eles à cova quis descer também...

Conheci o purgatório e o paraíso...

Na saudade que vai e vem...


Por esse mundo de meu Deus...

Ingênuo sempre fui...

Alguns de mim se aproveitaram...

Hoje, cansado, deles não quero mais nada...

Já que tantos em minha jornada me faltaram...


Alguns segredos foram rompidos...

Confiei demais...

Boca fechada não entra mosca...

Aprendi como se faz...


Incompreendido eu fui...

Aprendi a dizer adeus...

Também aprendi a perdoar...

Erros alheios relevar...

Não sou perfeito...

Não sei aonde vou chegar...

Mas se Deus perdoa...

Quem sou eu para contrariar?


Tive ouro...

Tive prata...

No bolso alguns cobres...

Passei fome e aprendi a dividir o pão...

Já tomei tapa na cara...

E encontrei quem já me estendeu a mão...


Fui motivo de riso...

Fui motivo de chacota...

Muitas vezes magoado...

Mas a vida tudo ensina...

Nos ensina a ter mais cuidado...


Se um dia a juventude voltasse...

Erros e acertos sei que os repetiria...

Vivendo e aprendendo sempre...

Sendo grato pelo nascer de mais um dia...


Tenho cá comigo...

Que o céu devo esperar...

Do inferno me afastar...

E de nunca me perder...


Mas carrego em minha alma...

De ambos um bocado...

A colheita é justa...

Devo aprender a plantar com cuidado...


E assim sigo...

Todo dia aprendendo...

Entre erros e acertos...

Feliz vou vivendo...


Sandro Paschoal Nogueira

Mal sem cura

 



Ando lá sem descansar...

Entre as pedras que me fitam...

Inertes como dantes...

Nunca vão me consolar...

E rio...


Tal como andorinha...

Abro meus sonhos a voar...

Mesmo que a dor rasgue meu peito...

Pelo que não vai voltar...


Tenho amor, sem ter amores...

Este mal que não tem cura...

Já não sei se estou contente ou triste...

É o mal e é o bem que me apura...


Fico à espera de novidades...

Pois não confio em promessa alheia...

Palavras para mim em ferro e fogo devem ser forjadas...

E não na areia somente rabiscadas...


Na pele das serpentes...

Conheço muitas...

Ou entre as sombras da madrugada...

Nem promessas e nem riquezas...

Espero de gente dissimulada...


Porque só aquele que sabe...

Que nada tem e que nada possui...

Não se ilude com falso esplendor...

E também não  se engana com gente de baixo valor...


Sou do tamanho do que vejo...

Tenho projetos e ambições...

Ao vento não conto meus segredos...

E só confio em Nosso Senhor...


E assim entre as pedras sigo...

Aos solavancos do destino...

Enquanto passo sorrindo...

Enquanto elas só me fitam...


Sandro Paschoal Nogueira

Razões


 


Falam de tudo como se a razão lhes murmurasse nos ouvidos...

Falam mentiras sempre a favor do vento que as agita...

Onde tudo se vende sem asco...

Vomitam as almas doentias...


No altar do esquecimento...

A frieza está nua...

Entre sorrisos e deboches...

Cumprem a fadada sorte...


Dos sonhos sempre iguais...

A ambição querendo sempre mais...

Da inveja que corroe...

Vivenciando a falsidade ...

Do egoísmo voraz...


Será esse o pão nosso de casa dia?

Áspero degredo onde não há segredos...

Gente previsível...

Tremo e pressinto...

Adivinho os seus ais...


Pendentes do próprio espetáculo...

Entre danças funestas...

E línguas maldosas...

Triste história...

Sem história...

Vácuo de alma vazia...


Sinto-lhes o assédio...

Olhos que me fitam...

Sombras que rastejam...

Não venham me dar essa vida...

De gente falsa...

Gente fingida...


Não tenho mal nem dor

Não quero me encontrar porque não me perdi...

Nunca te pedirei o que não possas dar...

Mas só peço-te uma única coisa...

Cuides de suas próprias feridas...


Sandro Paschoal Nogueira

Embriaguez


 


Na embriaguez da cisma, um murmúrio...

Digam-lhe que amor me leva...

Já de tanto olhar cansado...

Um bem que o fosse deveras...

De tanto olhar à procura...


Desejo entranhável...

Donde mesmo este amor virá?...

Morto já é meu contentamento...

Velo meus sentimentos...

Em tantos e tantos olhares...

Sem encontrar...


Não sei onde isto há de ir ter...

Não é esta graça que quero...

Somente os céus me consentem...

Volver meus olhos aos dias nascentes...

E no coração voraz imenso...

Sufocar esse mal que tanto me dura...

Indo mais fora do caminho...

Acalentando meus sonhos sozinho...


Cousa certa que não acerto...

Pensando em estar mais perto...

Sigo sempre sonhando...

Em te encontrar em meus caminhos...


Por que é que me não disseste,

Toda a terrível verdade ?

Se eu conhecer a ventura...

Também posso perde-la cedo...


Deixo correr as horas fugidias...

E ao escapar do tempo não me entrego...

Antes amar-te em sonhos...

Do que ser árido deserto...


Sandro Paschoal Nogueira

Que bem eu lhe fiz?


 

Não sou mestre das cores...

Nem o senhor dos venenos...

Mas aprendi que as pessoas...

Não são aquilo que dizem ser...


Morei em corações...

E deixei que morassem no meu...

Construí meus sonhos...

E meus lábios muito se perderam...


Saudei a lua e as estrelas...

E pelo vento fui beijado...

Bem conhecem os mais velhos...

A que tudo repetem...

Com eles tive meu aprendizado...


Antes que tudo se perca...

Antes que tudo se esqueça...

A ingratidão...

Do espírito é a pior cegueira...

Só reconhecida após a desilusão...


Vi abismos...

Mas não a infernal descida...

Gosto amargo de alguns sentimentos senti...

Mas nem isso tirou-me a beleza da vida...


Anseios delirantes...

Tive...

Perpétuas saudades de minutos...

Acalentei...

O amor de quem quer que seja...

Clamei...

Pouco senti...

Tanto chorei...


Pus as mãos sob o rosto...

Gritos abafei...

Meus olhos marejados...

Escondi-os e os sequei...


Na embriaguez de minhas cismas...

Nos murmúrios de minha alma...

Muitas vezes confuso,  perdido...

Dobrei meus joelhos...

E orei...


De contato a contato...

Nova  vida...

Constantes aprendizados...


Do pensar na vida...

Essa entrega e fuga perpétua ...

Sim, ainda vago...


Busco em mim agora...

A vida feito festa para as vistas...

Abro-me, novamente, as portas...

Não para condenar...

Mas sim novos horizontes alcançar...


Se algum bem te fiz...

Não lamentes esta perda tal...

Mas peço-te que não me tenhas em mau juízo...

E que não me desejes o mal...


Sandro Paschoal Nogueira

segunda-feira, 13 de maio de 2024

Erros e acertos




 Já bebi da Sabedoria...

E questionei os enigmas sem fim...

Já puxei da faca...

Fiz muitas coisas...

E tantas me arrependi...


Já fugi de encontros marcados...

Alguns nem cheguei a ir...

Já deixei de aceitar um abraço...

Como também com muitos dormi...


Já fui esperto...

Também tolo fui...

Já tive pressa...

E andei devagar...

Sorri, chorei...

Mas nunca deixei de sonhar...


Já enterrei todos os meus...

E com eles à cova quis descer também...

Conheci o purgatório e o paraíso...

Na saudade que vai e vem...


Por esse mundo de meu Deus...

Ingênuo sempre fui...

Alguns de mim se aproveitaram...

Hoje, cansado, deles não quero mais nada...

Já que tantos em minha jornada me faltaram...


Alguns segredos foram rompidos...

Confiei demais...

Boca fechada não entra mosca...

Aprendi como se faz...


Incompreendido eu fui...

Aprendi a dizer adeus...

Também aprendi a perdoar...

Erros alheios relevar...

Não sou perfeito...

Não sei aonde vou chegar...

Mas se Deus perdoa...

Quem sou eu para contrariar?


Tive ouro...

Tive prata...

No bolso alguns cobres...

Passei fome e aprendi a dividir o pão...

Já tomei tapa na cara...

E encontrei quem já me estendeu a mão...


Fui motivo de riso...

Fui motivo de chacota...

Muitas vezes magoado...

Mas a vida tudo ensina...

Nos ensina a ter mais cuidado...


Se um dia a juventude voltasse...

Erros e acertos sei que os repetiria...

Vivendo e aprendendo sempre...

Sendo grato pelo nascer de mais um dia...


Tenho cá comigo...

Que o céu devo esperar...

Do inferno me afastar...

E de nunca me perder...


Mas carrego em minha alma...

De ambos um bocado...

A colheita é justa...

Devo aprender a plantar com cuidado...


E assim sigo...

Todo dia aprendendo...

Entre erros e acertos...

Feliz vou vivendo...


Sandro Paschoal Nogueira