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sábado, 27 de julho de 2024

Mesa vazia

 



O que não daria eu...

Num dia sem data...

A sentar-me em uma mesa...

Com aqueles que um dia me amaram...


Hoje tenho os lábios secos...

Os olhos marejados...

E arde-me a cabeça...

Do tempo passado...


O presente é todo o passado...

E também é todo o futuro...

Prossegue a música...

Entra mais na alma da alma...

E a lembrança é que entristece...

Essa terra de ninguém...


Espreito então pelas janelas de outrora...

Coisas que sempre soube mas que nunca quis olhar...

Tal a sorte às cegas...

Da nossa existência...


Ter e não perceber o valor que tem...

Perder e então compreender...

Feliz é aquele...

Que sabendo o que tem...

Ama e não se enlouquece...

Quando tudo se vai...

E nada mais vem...


Sandro Paschoal Nogueira

Perfume de pecado


 

Perfumes de pecado...

Oras eu os sei...

Minha prisão de viver...

Inúteis as noites da minha rua…

Sem antes conhecer você ...


Rituais que previ...

Pleno de desejo e de ciúme...

Abismo do seu ser.

Sou saudade do longe donde vim...

Sou esperança por estar junto a ti...


No caminho da vida...

Fui outro, e, outro sendo...

Outro serei...

Tenho fantasmas não tão educados...

Que não sei eu...

Se são casados com o diabo...


Perguntaste-me outro dia

Enquanto olhava-me admirado...

Se a vida me comprazia...

Se eu desejava mudar meu fado...


Menti naquela hora...

E disse que não sabia...

Que te importa afinal...

O bem que me acalenta...

Ou que me fustiga o mal ?


De olhos vagos e perdidos...

Nos olhamos sem nos ver...

Quase tudo passa...

E tão pouco fica...

Dê-me alívio às minhas feridas...


De que são feitos os dias...

Pequenos desejos...

Ou  mágoas sombrias?


O bem que nunca fora...

É o mal que se avizinha...

Mas enfim no que me é guardado...

São meus sonhos conturbados...

Alguns se perderam...

Outros na sarjeta foram jogados...


Anda, vem...

Nem todo prazer é pecado...

Da vida não tenho muitos jeitos...

Só saudades e embaraços...

Junto ao teu peito...

Me perco e me esqueço...


Olhando todos os céus...

Choram em mim os seus presságios...

O maior sonho que acalento...

É por ti ser amado...


Tudo que sou,  sou prelúdio...

O resto foi o que eu não quis...

Como se o tempo fosse um sentimento...

Entre os teus braços enlaçar-me mais...


Sandro Paschoal Nogueira

quarta-feira, 24 de julho de 2024

Começo


 


De tudo houve um começo...

De asas abertas...

Alguém que nunca voou...


Rios que perdi sem os ver chegar ao mar…

Tudo o que guardo...

São muitas palavras de ilusão...


Quando eu sonhava de amor...

Quando em sonhos me perdi...

Eternamente em fuga como as ondas dos mares...

A ti mostrei o meu olhar...


Mas serei sempre o que sou...

Meu destino esconde-se entre a bruma...

Achando sem nunca achar o que procuro...

Onde tenho a alma...

Mãos alheias não tomam...


O amor eterno que te ouvi jurar?...

Diga-me, agora,  onde está...


Mãos de renúncia que não puderam me entender...

Este abandono custa...

Poque estou contigo e tu não...


Mas não sei trocar a minha sorte...

Quando o que há é só o agora...

Como existir no esquecimento?

Fugindo com o vento sem ter onde pousar?


Sandro Paschoal Nogueira

Navalha

 



Bebe do meu cântaro se tens sede...

Que eu sem culpa já bebi...

Todos os venenos foram contatos...

Não fizeram-me mal...

Apenas me fortaleci...


Pus-me a escutar as vozes do silêncio...

Tanto sonho...

Tanta mágoa…

Se tens fome...

Come do meu pão...

Se eu tenho...

Da-me sua mão...


Que importa!

Ninguém sabe...

Daquele amor perdido...

Por dentro das escura noite...

Confundindo os sentidos...


Quantos, que marcham pela vida...

No intenso tráfego dos rotineiros dias...

Expõe suas tolas vontades...

Diante emoções tão frias...


Cavalheiro da triste figura...

Moinho a braços com o vento...

Nenhuma alegria ouvistes...

Só tristezas...

Desalentos...


Quando saíres, não me esqueças...

E não me cortes com a navalha...

Como dizer a um coração fora do peito...

Que para o vinho não há taça?


Por detrás de cada esquina...

A ver no mundo seco a seca realidade...

Erguendo os densos véus ...

Há de livrar-nos Deus...

Da dor indiferente da maldade...

Dos pares meus...


Sandro Paschoal Nogueira

Prelúdio

 



Perfumes de pecado...

Oras eu os sei...

Minha prisão de viver...

Inúteis as noites da minha rua…

Sem antes conhecer você ...


Rituais que previ...

Pleno de desejo e de ciúme...

Abismo do seu ser.

Sou saudade do longe donde vim...

Sou esperança por estar junto a ti...


No caminho da vida...

Fui outro, e, outro sendo...

Outro serei...

Tenho fantasmas não tão educados...

Que não sei eu...

Se são casados com o diabo...


Perguntaste-me outro dia

Enquanto olhava-me admirado...

Se a vida me comprazia...

Se eu desejava mudar meu fado...


Menti naquela hora...

E disse que não sabia...

Que te importa afinal...

O bem que me acalenta...

Ou que me fustiga o mal ?


De olhos vagos e perdidos...

Nos olhamos sem nos ver...

Quase tudo passa...

E tão pouco fica...

Dê-me alívio às minhas feridas...


De que são feitos os dias...

Pequenos desejos...

Ou  mágoas sombrias?


O bem que nunca fora...

É o mal que se avizinha...

Mas enfim no que me é guardado...

São meus sonhos conturbados...

Alguns se perderam...

Outros na sarjeta foram jogados...


Anda, vem...

Nem todo prazer é pecado...

Da vida não tenho muitos jeitos...

Só saudades e embaraços...

Junto ao teu peito...

Me perco e me esqueço...


Olhando todos os céus...

Choram em mim os seus presságios...

O maior sonho que acalento...

É por ti ser amado...


Tudo que sou,  sou prelúdio...

O resto foi o que eu não quis...

Como se o tempo fosse um sentimento...

Entre os teus braços enlaçar-me mais...


Sandro Paschoal Nogueira

segunda-feira, 15 de julho de 2024

Talvez seja breve...

 



Talvez seja breve...

A recordação de um sonho...

E um desejo pontuado de estrelas...


Talvez seja breve...

O barulho que fazem os sentimentos...

A lógica do presentimento...

A razão perdida...

A dor da ferida...


Talvez seja breve...

O agora donde se murmura a vida...

A chegada...a partida...

A glória e a ruína...


Talvez seja breve...

A memória acalentada...

Ou a memória sendo esquecida...


Talvez seja breve...

A paixão não correspondida...

O amor jurado ser eterno...

A dor do peito...

O flagelo...


Talvez seja breve...

A falsa ou verdadeira promessa...

O brilho de uma jura...

Feito em dias claros...

Ou na noite mais escura...


Talvez seja breve...

A alegria ou a tristeza...

A maldade de uma língua...

O bem e o amparo de mãos sofridas...

O medo e talvez o desejo do desconhecido...

Talvez mais breve seja o espamo de um grito...


Talvez seja breve...

O tempo que escoa...

A doença que se avizinha...

A morte que clama...

O silêncio que murmura...

O convite ou a recusa de deitar-se na cama...

O momento de se achar tudo perdido...


Mas que não seja breve...

O seu olhar sobre mim...

Seguido por um sorriso...

De que estás a pensar...

1001 maneiras de poder me amar...

Que me alegre...

Que não consegues disfarçar...


E se tudo que foi breve...

Que muito tenha valhido a pena...

Pois é vivendo que se aprende...

E aprendendo que se vive...


Sandro Paschoal Nogueira

Por que viestes?

 



Por que vieste?

Já nada é o que foi...

Conheço os começos...

E sei como serão os fins...

Rasgas-te o meu peito em pedidos...

Disses-tes a mim o que há muito não ouço e nem sinto...

Destes a minha vida novo sentido...

E partis-tes deixando-me sem abrigo...


Ah...

O medo vai ter tudo...

E cada um por seu caminho...

Minha vida em desalinho...

Sem ti...

Agora tão sozinho...


Vida parada antes de ti...

Eram inúteis e magoadas as noites da minha rua…

Já me bastava tudo isto...

E com tão pouco importava-me...


Me custa acreditar...

Que infelizmente eu não posso amar...

Sou a cada instante o que já não sou...

Mas tu vieste...

E acendeste a chama...


Agora sou saudade...

Ânsia do longe...

Alma sonâmbula...

Cada parte minha permanece quieta...

Vivendo apenas no sonhar...


Sandro Paschoal Nogueira

Fantasma

 



Desconheço...

Sou eu poeta?

Cenário dolente...

Embora me divirta...

Aqui, coração que andou entre os homens, arranco...

Ando à deriva na fonte de muitos olhos...

Movendo-me aqui e agora entre contornos vivos...

A minha prisão de viver são perfumes de pecado...

A grande inteligência é sobreviver...

Entre o murmúrio dos esgotos...

Rotina...

De longos braços estendidos...

Velhos desejos recalcados...

Espantos e receios...

Escondidos em leitos sangrentos...

Disfarçados em diálogos sonolentos...

Provisórios dias do mundo a ti pergunto:

Sou eu poeta?

Desculpai-me esta face...

Serei eu só mais um fantasma de tudo?


Sandro Paschoal Nogueira