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domingo, 20 de outubro de 2024

Murmúrios


 

E fere a vista...

E dum ou doutro...

Aonde agora quase sempre chego...

O indiferente...

O oposto...

O adversário...

O surdo-mudo...

O recalcado...

Grosso...

Mal educado...


Os mortos reclamam...

Enquanto batem os pratos...

Enrolam seus baseados...

Enchendo seus copos...


A melhor palavra...

É o silêncio...

As idéias...

Um sonho...

De um louco transloucado...

Onde se acenam somente os olhos...


Poderia beber a humildade...

Mas recuso o cálice sagrado...

Poderia comer com os porcos...

Mas sinto-me entendiado...


Prossigo meu caminho...

Desta obra a concluir...

Há vida...

Há murmúrios pelas praças...

Mas como nada vem de graça...

Batalho por existir...


E a triste e dúbia luz...

De quem tenta me ferir...

A Deus peço misericórdia...

Por assim esse coitado insistir...


Apenas magoa-me a saudade...

Do tempo em que habitava...

A transparência da inocência...

Em mim...

Roubada...


Sandro Paschoal Nogueira

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