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sexta-feira, 14 de junho de 2024

Estrelas


 

Ó estrelas infelizes...

Que sois belas e brilhais tão distantes...

Os amantes lhe conhecem...

Mas vós não conheceis o amor...

Brilham somente...


Tal sorte às cegas...

Por eternas leis vos regem...

Mas somente o homem escolhe e julga...

Sonhando em ser feliz eternamente...


Sei que nada me é pertencente...

E que tudo nessa vida é  fugaz...

A cada um o tempo passa diferente...

Consome a tudo sendo voraz...


Então o homem cria desejos...

E seu coração transpõe todo os desertos...

Em nome daquilo que a si mesmo se criou...

Sentes atraído ao mais alto e ardente vôo... Diante tudo que sonhou...


Dentro de nós há também um universo...

De tantas outras estrelas que não vemos...

Porém o destino do homem é tal qual o vento...

Do céu vem, ao céu sobe...

Acaba em questão de momentos...


Vezes sem conto eu tenho às estrelas...

Contado meus sonhos, chorando lamentos...

Entretanto ao passar dos tempos...

Hoje compreendo, perdendo-me a pensar...

Feliz só será a alma...

Que aprender a amar...


Sandro Paschoal Nogueira

quarta-feira, 12 de junho de 2024

Paciência


 


Ser forte, sem ser...

Condescedente por falta de opção...

Vivendo, aprendendo a viver...


Sem querer ficar...

Mas fugir com o vento...

A noite que a tudo acata...

No dia acaba o perdão...


Fechando os olhos...

Como fera que estuda...

Na queda do súbito,  o espanto...

Desnudar a carne para gerar a razão...

Porque se obriga a esconder o sentimento...

Fugindo da decepção...


Hora se tem um...

Hora se perde ao outro...

Nada existir...

Ser igual aos mortos...


Aspirar a voz...

Resfriar o suor...

Saber qual o momento...

Ser a criança que és...

Somente quando parar o tempo...


Segurar a vida por desespero...

Sabendo que nem tudo é tão perfeito...

A segura confiança trançando planos...

Vida estranha...

Vida dura...

Por mais que a gente se articula...

Despenca do barranco...

É uma rotina sem cura...


Vaivém de luzes...

Fatos, momentos...

Organizam a marcha em nossa estrada...

E assim vamos seguindo...

Criando sonhos...

Querer voar...

Sem ter asas...


Páginas em branco...

A serem escritas...

Sorrisos, choros...

Beijos e feridas...


Tudo junto...

Tudo misturado...

E tudo requer cuidado...


No fundo às vezes nem entendemos o porquê...

Mas vamos aprendendo...

Entre sermos felizes e a sofrer...


Infindável luta...


Recomeçar... após perder...


Sandro Paschoal Nogueira

terça-feira, 11 de junho de 2024

Flor do desejo

 



Corpo em carne e desejo...

Que alimenta o tumulto do vento...

Voz de inquietação...

Batalhas a meu lado...

Boca seca...

Palpitante coração...


Vem contigo a madrugada...

Meus olhos não se cansam...

A promessa de tua boca de eternidade...

Em surdina dás-me mais vontade...


Passo na rua e nada vejo...

Por que ardo eu até tão tarde?

Quis eu lá saber a tua idade?


Na embriaguez da cisma...

Foste um murmúrio...

Rua deserta...

Mundo mudo...


O sangue...

Festim ruidoso e ligeiro...

E a ilusão que me trouxe e que não invento...

Adubando a flor do desejo...


Seja meu que de ti também serei...

Arde-me a cabeça de vos querer...

Em febre e vagando...

Deixando-me de ser...


Nunca me dissestes seu nome...

Mas a ti conheço bem...

Enquanto na sombra te espero...

Aos olhos alheios não sou ninguém...


Sandro Paschoal Nogueira

domingo, 9 de junho de 2024

Ingratidão

 



Passeia o teu olhar pelos meus recantos...

E se assim o desejas...

Dou-te a alma inteira...


Tudo fiz para ti...

E ingrato fostes...

Pagando-me com a ingratidão...

Sem fim...


Que importa?

Ninguém sabe...

Nem tu mesmo o sentes...


Entreguei-me em tuas mãos o que escondo dentro...

E foste indiferente...

Nada sentistes...

E ainda nada sentes...


Procuro-te por dentro da noite...

Ponho-me no silêncio nas horas duvidosas...

Morto é o contentamento...

O engasgo tão grande...

Que aperta-me o coração...


Não sei se fiz mal, se bem....

Mas fiz...

O dia e a noite são iguais por dentro...

E sigo com a ilusão...

Alimentando esse redemoinho de estranha situação...


Peço-te em pensamentos...

Não me atrevo a dizer-te...

Não me esqueças...


Embora ouça  o eco do amor há muito soterrado...

Mas o que tem de acontecer que aconteça...

Triste escolha...

Triste fado...


Sandro Paschoal Nogueira

Faltas


 

Quem vós engana para conseguir o que desejas?

Pois te falta espelhos pra ver tuas faltas...

És terra, és lodo, és pó...

És vazio na alheia cama...


Mas não te digo, nem te lembro nada...

Enquanto entre risadas vaga...

O tempo vil, que tudo troca, e muda...

Sem perdão,  de outrora sem culpa...

Desgasta o que cultua...

E te levará à cova...


São dias de febre na cabeça...

E não sentes o que te corrói...

Num jardim onde há flores  sem hastes...

Dá-se sua alma em troca...


Finges uma lágrima enquanto chora...

A ti e aos teus no correr do tempo...

Somente enganas a tu mesmo...

Enquanto apodrece a alma...


Triste e dúbia luz em que vives...

Cuja vaidade lhe assombra...

Entre falsas lisonjas caminhas...

Em suas tristes e perdidas horas...


Eu dar-vos-ia as estrelas...

Se realmente soubesses amar...

Mas que triste ironia...

Nem isso anseias por sonhar...


Nem batalhas,  nem paz tens...

Apenas um grito na memória...

Apenas dia após dia...

Apenas noite que vai e vem...


Se alguma qualidade pode ser preferida...

Não a restrinja...

És só...

Não tem ninguém...


Redemoinho de ventos...

A desenhar seus próprios pés...

Incerto destino te procura...

Enquanto vagas na realidade crua...

Enquanto singra pelas noites e ruas...


Seria hipócrita se dissesse...

Que sendo assim não te quero...

Contundo cresce em mim a paixão...

Desde que apenas com um único olhar seu...

Roubaste meu coração...


Sandro Paschoal Nogueira


sexta-feira, 7 de junho de 2024

Perder é recomeçar


 


Perder é recomeçar...

Antes que desperte em mim algum grito...

Antes que se perca o sentido...

Diante o desconhecido...


Não me disseram para o que vim ainda...

Em um excesso de desejar sonhar, sonho...

Mas não sei trocar a minha sorte...

Antes da morte me beijar...


Hei de gritar...

Hei de cair e de chorar...

Também levantar...

Hei de amar, querer , desejar...

Não quero ter outra lei...

Além de sonhar...


Terrível solidão do mundo...

Onde pensam serem felizes por estarem acompanhados...

Onde colocam suas esperanças...

Em outro tão mais ou menos coitado...


Transcende a vida...

Entre as feridas...

Entre sopros...

Enganando-nos ...

Entre sorrisos e arrotos...

Enquanto nos abandonamos...


Enquanto no peito pulsa e canta a chama...

No silêncio mais fundo de nossa alma...

Sobre tudo por nós criado...

De si mesmo...

Contemplador e contemplado...

Enquanto escoa o tempo e o vento...

Até se completar o fado...


Perder e recomeçar...

Sempre...

Voltando, novamente...

A sonhar...


Sandro Paschoal Nogueira

Juras


 

Minha luta é dura...

Olhos cansados por verem  a terra que não muda...

Porque o melhor de meu mal está todo no cuidado...

Do que foi-me tomado...


E a noite que se avizinha...

Mostrando-me a face obscura...

Faz-me juras...


Mordendo o fruto das manhãs proibidas...

Um sossego como se nada existisse....

Assim o tempo escoa...


Me perco a pensar o que isto significa...

Que importa! 

Ninguém sabe...

Dá-me um estranho ar de loucura...

Um vazio...

Inesgotável procura...


Mistério mais audaz da minha vida...

Em que todos os venenos estão contados...

Meu prêmio e meu castigo...

Anseio delirante...

De intensa saudade...

Que tanto sinto...


Ah...

Ilusão sombria...

Amor sem fruto...

Do pensar na vida...

Fuga perpétua...

Despedaçar...

Emendar...

A pressa contida...

Só para mim, que vou comigo...


Quero nesta noite...

E nas noites vizinhas...

Que enfim as estrelas...

Dêem-me suas graças infindas...

E assim...

Deixando de sere tão escura...

Já não me pesem...

O  cansaço de meu olhar...

Sob juras...


Sandro Paschoal Nogueira