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sábado, 14 de setembro de 2024

Devaneios

 



Sem lembranças...

Perdida todas esperanças...

Passando muitos dias...

Desconhecendo se vê...


E, contudo,  com sua fé...

Com tudo que mudou...

Com que passa e já passou...

Sem  muito cuidados...

Alheio ao desejo...

De não ver-se  magoado...


E vaga ainda...

No interior da carne...

Vida sem gosto...

Corpo sem dono...

Amor sem fruto...

Devaneio...


E no abrir dos olhos...

Sentindo o toque...

Cansado da caridade...

Sem rodeios...

Esquece o freios...

Levando a vida como um sorteio...


Rasga...

Toca...

Hesita...

Se refestela na sarjeta...

Perdido...

Nas noites malditas..


Distantemente uma alegria foi...

Entre os quais...

Se deita...

Com qualquer um...

Que de si se aproveita...


Na perda tal..

Não sente o mal...

Que se sujeita...


Não se condena...

Na desventura que lhe assola...

Só diz que o amor lhe guia...

Como convém...


Triste...

Sem ninguém contradizer...

Já que todos...

Tão próximos...

Disfarçando o sofrer...

Mentem para sobreviver...

Vivendo tão igual..

Apenas rindo, disfarçando, suportando...

O próprio mal...


Sandro Paschoal Nogueira

segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Inocência perdida

 



No cetim negro das noites...

Os anjos só vem quando chamamos...


Breve é o coração acalentado pela inocência...

Que sonha e anseia...

Por viver e muito amar...


Ninguém sabe o que vai

por este mundo...

Com destino certo e sem destino aos tombos...

Cai o pó em dias assolados...

Enquanto o vento faz um rumor frio e alto...


E nada tem sentido...

Em nada que se queira ter...

Tudo são apenas momentos...

Não há nada a compreender...

Deixo que em minhas mãos cresçam os sonhos...

É o que posso fazer...


Haverá coisa que se lhe compare...

No mistério da inocência a perder?

Em vão já procurei me restituir...

O que duramente perdi...


Não sou mais que uma brisa...

Se vejo  coisas que nunca antes tinha visto...

Coisas que sempre soube mas que nunca quis olhar...


Mas como se fosse o milagre pedido...

Nos destinos que não desvendo...

Os anjos me tem atendido...

Ensinando-me a sonhar...


Sandro Paschoal Nogueira 



Como queiras...


 

Como queiras amor...

Como  queiras...

Entrego a ti todo o meu abandono...

Tudo quanto espero...

Tudo quanto sonho e desejo...

Toda minha loucura...

Todo meu desespero...


A chama estremece...

No momento em que os deuses invejam e concedem...

A ventura e o castigo...

Por tudo que vivemos e sentimos...


Ao amor que tomou posse...

De coração que já  não mais sossega...

Há um fogo que devora…

Que me devora a mim...

Rendido pela paixão...

Tendo começo...

Não tendo fim...


A paixão traz a dor...

Quem é que se acalma nessa estranha brincadeira de gato e rato?

Nesses pensamentos e gestos todos emaranhados?


O teu tempo ao meu se seguirá...

Encontrarás aqui o amor tranquilo?

Tão triste estou na noite escura...

Sem levar nos olhos meus...

O teu derradeiro olhar...


Sandro Paschoal Nogueira

Perdido


 

Quem é amado deve...

Quem ama pede...


A lua se insinua...

Entre vielas escuras...

Há fogo que devora...

Que mata e que dá...


Arde a cabeça...

Enquanto o olhar vaga...

Nem entre as estrelas encontras...

O que procuras...


Só porque houve outrora...

No presente indeciso vives agora...

Será que haverá o futuro,

Do que necessitas e sonhas ?


Procura o ar onde a respiração é doce...

E canta para afugentar a tristeza...

Porque és do tamanho que vês...

Porque sentes a falta do que não tens...


Vaga..

Longe de todo céu...

E no inferno onde abitas nada encontra... 

O verme da agonia te devora...

Onde estás afinal,

Nessas horas mortas?


O nevoeiro é tão grande...

E o final não encontras...

Sim...

Tu bem sabes...

Tendes total culpa...


Entre o temor e o espanto...

Reconhece o amor perdido...

Peito endurecido...

Por mostrar-se soberbo e presumido...

Feristes e não percebeste o real sentido...


Tendo o teu erro algum desconto...

Saberia que sendo amado deve...

E que amando...

Deveria ter pouco pedido...


Agora buscas a noite escura...

Cujo medo te afigura...

Tão certa desaventura...

De vagas esperanças...

Nem mesmo te ajuda a lua...


Sandro Paschoal Nogueira